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MÚSICA
Duo inglês que remixou Madonna tem seu autodenominado "future funk" lançado no Brasil, com o CD "Vertigo"
Groove Armada aponta rumo do pop inglês
Reprodução
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A dupla de DJs e produtores ingleses Groove Armada, em imagem do encarte do CD "Vertigo" |
PAULO VIEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MONTREUX
2000 já vai alto, e músicos -esses que tocam instrumentos e
cantam- ainda não desapareceram da face da Terra. Um prognóstico improvável para quem assiste a ascensão recente da música
eletrônica. Na Europa, principalmente, DJs foram alçados à linha
de frente, ganharam a imprensa,
os displays das grandes lojas. Resumindo, superaram Ibiza.
Assim, esperava encontrar duas
estrelinhas quando topei com
Andy Cato e Tom Findlay, a.k.a.
Groove Armada, dupla inglesa de
DJs/produtores -eles tocam teclado e trompete também- que
faz sucesso no Reino Unido com
seus três discos (o mais recente
deles feito com remixes do material prévio).
Também rearranjaram uma faixa do novo de Madonna, que os
havia inserido na trilha de seu
mais recente filme, ""The Next
Best Thing".
Mas, surpresa. Saídos da passagem de som do show que dariam
à noite no assim chamado Festival
de Jazz de Montreux, Andy e Tom
mostraram simpatia e loquacidade, até excitação, ao saber que, em
agosto, quase um ano e meio depois de seu lançamento, ""Vertigo", segundo álbum do duo, será
editado no Brasil (Virgin).
A dupla Groove Armada deu
entrevista entre tragos de Heineken e "dope" (maconha).
Folha - O que acham disso: ""Vertigo" sai no Brasil em agosto?
Andy Cato - Já faz dois anos desde que começamos a gravar esse
disco, então é difícil manter a concentração nele. Mas é maravilhoso saber disso.
Folha - Que tipo de conhecimento
extra tem um produtor que é ou já
foi DJ?
Tom Findlay - Acho que, além
dos truques óbvios, como operar
para manter a pista em alta, é ter
uma antena para o que acontece
em pop music. A música eletrônica muda muito rapidamente, e assim nos atualizamos. Nos últimos
seis meses o trance ganhou espaço. Nem é preciso ser DJ para perceber. Basta sair à noite, frequentar os clubes.
Folha - Vocês seriam quem são fora de Londres, onde há uma cultura
pop fortíssima?
Cato - Não diria que fazemos
música inglesa. Procuramos assimilar o que ouvimos pelo mundo.
Ouvi coisas num clube francês
simplesmente brilhantes. Mas é
verdade que Londres tem antenas
para receber as informações de
outros lugares.
Folha - O fato de agora fazer música para Hollywood dá novos rumos à carreira?
Findlay - É legal fazer trilha, porque é bem diferente de fazer um
disco, onde você explora os limites da música. Para o cinema, há
que se pensar num balanço com
as imagens, não dá para tornar a
música dominante.
Folha - A crítica inglesa os define
como " baleares", em alusão ao
som que se ouve em Ibiza, no verão. Confere?
Findlay - Acho que isso é uma
associação com dias solares, com
alguma positividade que nosso
trabalho tem. Acho que poderíamos ser definidos de várias maneiras: jazz, funk, dance, house.
Gosto de "future funk".
Folha - Vocês se apresentam ao
vivo com banda. Esse é o caminho
natural? Começar nas pick-ups e
depois tocar instrumentos em
bandas?
Cato - Bem, sempre tocamos
instrumentos. Eu não estou preparado para ficar na frente de um
DAT. Gosto de certos lugares dos
EUA onde você ouve uma guitarra e sabe que há um guitarrista
por trás, tocando.
Folha - Qual a opinião de vocês
sobre o Napster? A faixa do novo
álbum da Madonna que vocês mixaram já está no site.
Findlay - Sim. Acho que não é
muito justo ter acesso gratuito à
música. Vejo muitas coisas negativas em gravadoras, mas acho
que elas ainda devem existir.
Acho que os músicos devem receber algum tipo de compensação financeira pelo que fazem.
Do contrário, o padrão seria uma
ou duas pessoas produzindo em
estúdios baratos. Dificilmente teríamos "Let It Be", "Sgt. Peppers", "Dark Side of the Moon".
Porque implica gastos.
Cato - E as pessoas vão ao
Napster para baixar faixas. Se você procura Groove Armada no
Napster, vai baixar "I See You
Baby". Destrói o conceito de álbum, e isso é desesperadoramente triste. Quando você olha para
trás, vê grandes álbuns, como
"Kind of Blue", do Miles Davis,
não uma faixa isolada.
Findlay - Na faixa que rearranjamos para Madonna, usamos o
estúdio onde os Beatles costumavam gravar e gastamos quase
6.000 libras (cerca de R$ 17 mil).
Precisamos ser ressarcidos de alguma forma.
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