São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2000


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MÚSICA
Duo inglês que remixou Madonna tem seu autodenominado "future funk" lançado no Brasil, com o CD "Vertigo"
Groove Armada aponta rumo do pop inglês

Reprodução
A dupla de DJs e produtores ingleses Groove Armada, em imagem do encarte do CD "Vertigo"


PAULO VIEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MONTREUX

2000 já vai alto, e músicos -esses que tocam instrumentos e cantam- ainda não desapareceram da face da Terra. Um prognóstico improvável para quem assiste a ascensão recente da música eletrônica. Na Europa, principalmente, DJs foram alçados à linha de frente, ganharam a imprensa, os displays das grandes lojas. Resumindo, superaram Ibiza.
Assim, esperava encontrar duas estrelinhas quando topei com Andy Cato e Tom Findlay, a.k.a. Groove Armada, dupla inglesa de DJs/produtores -eles tocam teclado e trompete também- que faz sucesso no Reino Unido com seus três discos (o mais recente deles feito com remixes do material prévio).
Também rearranjaram uma faixa do novo de Madonna, que os havia inserido na trilha de seu mais recente filme, ""The Next Best Thing".
Mas, surpresa. Saídos da passagem de som do show que dariam à noite no assim chamado Festival de Jazz de Montreux, Andy e Tom mostraram simpatia e loquacidade, até excitação, ao saber que, em agosto, quase um ano e meio depois de seu lançamento, ""Vertigo", segundo álbum do duo, será editado no Brasil (Virgin).
A dupla Groove Armada deu entrevista entre tragos de Heineken e "dope" (maconha).

Folha - O que acham disso: ""Vertigo" sai no Brasil em agosto?
Andy Cato -
Já faz dois anos desde que começamos a gravar esse disco, então é difícil manter a concentração nele. Mas é maravilhoso saber disso.

Folha - Que tipo de conhecimento extra tem um produtor que é ou já foi DJ?
Tom Findlay -
Acho que, além dos truques óbvios, como operar para manter a pista em alta, é ter uma antena para o que acontece em pop music. A música eletrônica muda muito rapidamente, e assim nos atualizamos. Nos últimos seis meses o trance ganhou espaço. Nem é preciso ser DJ para perceber. Basta sair à noite, frequentar os clubes.

Folha - Vocês seriam quem são fora de Londres, onde há uma cultura pop fortíssima?
Cato -
Não diria que fazemos música inglesa. Procuramos assimilar o que ouvimos pelo mundo. Ouvi coisas num clube francês simplesmente brilhantes. Mas é verdade que Londres tem antenas para receber as informações de outros lugares.

Folha - O fato de agora fazer música para Hollywood dá novos rumos à carreira?
Findlay -
É legal fazer trilha, porque é bem diferente de fazer um disco, onde você explora os limites da música. Para o cinema, há que se pensar num balanço com as imagens, não dá para tornar a música dominante.

Folha - A crítica inglesa os define como " baleares", em alusão ao som que se ouve em Ibiza, no verão. Confere?
Findlay -
Acho que isso é uma associação com dias solares, com alguma positividade que nosso trabalho tem. Acho que poderíamos ser definidos de várias maneiras: jazz, funk, dance, house. Gosto de "future funk".

Folha - Vocês se apresentam ao vivo com banda. Esse é o caminho natural? Começar nas pick-ups e depois tocar instrumentos em bandas?
Cato -
Bem, sempre tocamos instrumentos. Eu não estou preparado para ficar na frente de um DAT. Gosto de certos lugares dos EUA onde você ouve uma guitarra e sabe que há um guitarrista por trás, tocando.

Folha - Qual a opinião de vocês sobre o Napster? A faixa do novo álbum da Madonna que vocês mixaram já está no site.
Findlay -
Sim. Acho que não é muito justo ter acesso gratuito à música. Vejo muitas coisas negativas em gravadoras, mas acho que elas ainda devem existir. Acho que os músicos devem receber algum tipo de compensação financeira pelo que fazem. Do contrário, o padrão seria uma ou duas pessoas produzindo em estúdios baratos. Dificilmente teríamos "Let It Be", "Sgt. Peppers", "Dark Side of the Moon". Porque implica gastos.
Cato - E as pessoas vão ao Napster para baixar faixas. Se você procura Groove Armada no Napster, vai baixar "I See You Baby". Destrói o conceito de álbum, e isso é desesperadoramente triste. Quando você olha para trás, vê grandes álbuns, como "Kind of Blue", do Miles Davis, não uma faixa isolada.
Findlay - Na faixa que rearranjamos para Madonna, usamos o estúdio onde os Beatles costumavam gravar e gastamos quase 6.000 libras (cerca de R$ 17 mil). Precisamos ser ressarcidos de alguma forma.


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