São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2001

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VIDA BANDIDA

O rodo

VOLTAIRE DE SOUZA

Na cidade grande, é difícil cuidar do lado espiritual. Férias. Tempo frio. Montanha. Cláudia arranjou um chalé. Seu Twingo bege avançava pela rodovia. Na bagagem, discos, livros, maconha. Parada no restaurante Rodogrill. Cláudia acendeu um. A moça da faxina lavava o ladrilho. "Ela está usando um rodo... será por isso que aqui chama Rodogrill?" O policial rodoviário Alvarenga não sabia dar a informação. Mas percebeu as inquietações de Cláudia. "A senhora me acompanhe, por favor." Cláudia ficou nervosa. Revoltada. "Pintou repressão." Os ombros de Alvarenga eram largos para o corpo esguio. "Parece um rodo." O ar autoritário do policial encantou a moça de cuca feita. Fizeram amor. "Limpeza, mocinha." O poder e a lei também podem dar barato.


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