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GASTRONOMIA
Cursos superiores alimentam novos restaurantes da cidade
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Com a criação de cursos superiores de gastronomia nos últimos anos, os restaurantes de São
Paulo estão ganhando fôlego novo com o surgimento de destacados chefs e proprietários vindos
diretamente das salas de aula.
À frente de casas como Tribeca,
Supra, Ária e Confraria do Sabor,
inauguradas há menos de dois
anos e que tiveram boa recepção
da crítica especializada, estão ex-alunos da faculdade Anhembi
Morumbi e do Senac de Campos
do Jordão, cujas primeiras turmas
surgiram, respectivamente, em
1999 e 2001.
A abertura dos cursos -que,
entre suas várias disciplinas, introduzem de especificidades da
cozinha internacional a noções de
administração de empresas-
também incentivou profissionais
a trocarem de carreira e abandonarem suas áreas de origem, em
determinados casos, distantes da
gastronomia.
A gaúcha Cristine Thomé, 35,
trabalhou por dez anos como psicóloga, chegou a fazer mestrado
em Recursos Humanos e, após
conhecer na faculdade a agora sócia Daniela Morillo, montou o
restaurante de cozinha contemporânea Tribeca, no bairro do
Itaim Bibi. "Foi difícil, tinha um
bom salário e histórico na área,
mas não estava feliz. Sairia de
qualquer forma, mas a criação do
curso facilitou a decisão."
Mais rigor
Thomé elogia o conteúdo ministrado na Anhembi Morumbi,
onde se formou, mas diz que,
comparada a sua experiência no
Cordon Bleu (a mais conceituada
escola de gastronomia do mundo,
fundada em Paris no fim do século 19), percebeu que poderia ter sido mais exigida durante as aulas
para enfrentar o estresse na prática de um restaurante.
"No Cordon Bleu, onde também conclui o curso, os professores são até mais rudes, talvez até
por isso ser parte da cultura da
gastronomia profissional existente na França." A proprietária do
Tribeca hoje também ajuda a formar novos chefs, tendo já recebido cinco alunos de cursos superiores como estagiários.
Trajetória semelhante também
viveu Samira Nicolau, 57. Ex-professora da rede municipal e formada em Química, hoje ela é uma
das responsáveis pelo pré-preparo e pela decoração de pratos de
cozinha contemporânea do restaurante Ária.
Nicolau abriu a casa em outubro do ano passado com três ex-colegas de Anhembi Morumbi,
confirmando que a convivência
na escola pode render parceiros
comerciais no futuro. "Vamos
percebendo com quem nos afinamos e a idéia de abrir um restaurante acaba sendo natural", diz. E,
como ocorre em projetos de faculdade, boa parte das decisões,
do cardápio ao gerenciamento,
são coletivas.
Analista de sistemas por cinco
anos, Fernando Couto, 34, proprietário da Confraria do Sabor,
em Campos do Jordão e formado
no Senac da mesma cidade, afirma que tanto a faculdade quanto
a prática possuem o mesmo peso
para o crescimento de um profissional: "A escola fornece subsídios e a estrutura para saber trabalhar no dia-a-dia que, por sua
vez, faz como que você sinta o que
seu público quer. As duas partes
se completam".
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