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Planet Hemp volta a fazer turnê três anos após a prisão em Brasília
Marcelo D2 abre fogo
Marcelo Min/Folha Imagem
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Marcelo D2 (à frente) e o Planet Hemp, no centro de São Paulo |
Líder da banda continua a defender a legalização das drogas, diz que sofre ameaças de morte e fala de discussão com Caetano
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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Planet Hemp estréia amanhã,
em São Paulo, no pomposo DirecTV Hall, sua primeira turnê
em três anos. É a primeira vez que
pega estrada depois da prisão, em
97, por suposta apologia ao uso de
drogas. De lá para cá, a banda passou por período de resguardo até
lançar, há dois meses, "A Invasão
do Sagaz Homem - Fumaça", que
já vendeu 100 mil cópias.
Em entrevista, o líder da banda,
Marcelo D2, 32, falou à Folha sobre a volta e sobre a briga protagonizada com Caetano Veloso
nos bastidores do Video Music
Brasil da MTV, em agosto.
O emepebista e sua mulher o teriam chamado de "zé mané" por
ele não haver honrado um compromisso de gravar uma participação especial na trilha sonora do
filme "Orfeu" (99) e por haver criticado Caetano via imprensa. A
mulher de Caetano, Paula Lavigne, confirmou a discussão à Folha
na época. Acrescentou que D2
reagiu calado e cabisbaixo.
A Folha procurou ouvir Caetano sobre o caso e as novas críticas
de D2, mas sua assessoria de imprensa não se pronunciou até a
conclusão desta edição.
Folha - O protesto social aumentou no novo disco do Planet Hemp?
Marcelo D2 - É, acho que amadurecemos. Tocávamos para 200,
300 pessoas e dávamos de frente
com policial na rua. Agora a gente
dá de frente com deputados, com
delegados. A gente começou a ver
um novo mundo, o policial na rua
é só uma peça da máquina toda.
Folha - O protesto não é prejudicado pela defesa da maconha?
D2 - Seria mais fácil de entender
o discurso se tirássemos a maconha, mas nossa idéia é abrir a cabeça, acabar com qualquer tipo de
preconceito, contra drogas, cor
ou diferença social. Se inventou
que o drogado é o lado mau. As
pessoas não são diferentes porque
são pretas, brancas, fumam, cheiram ou bebem. Sou usuário e sei
exatamente do que estou falando.
A ilegalidade é o problema.
Folha - Os integrantes do Jota
Quest afirmam que para eles essa
postura é inadmissível.
D2 - Eu nunca colocaria minha
cara para vender a uma corporação como a Fanta Laranja. Não sei
se vendemos maconha. É claro
que um monte de gente entende
errado, mas a maioria gosta mais
do ato de subversão que da maconha. Há artistas que adoram coquetéis e namorar modelos. Minha música é asfalto, trilho de
trem, salário mínimo, ovo frito,
namorada, maconha. A gente nega convite para tocar no Faustão.
Aumentaria nosso cachê, mas esses programas de domingo são
muito ruins, lavagem cerebral.
Não vale a pena fazer parte disso.
Folha - Qual é sua versão da briga
com Caetano Veloso?
D2 - Acho que ele se excedeu um
pouco, ficou gritando e querendo
brigar. Falou que sou covarde
porque falei mal dele pelo jornal,
mas nunca encontrei o cara. Então novamente vou falar pelo jornal o que queria falar para ele: que
ele tem de sair do centro do mundo e entender que é normal as
pessoas não gostarem do som dele. Não é pessoal, nem conheço o
cara. Ele tinha de sair desse egocentrismo, de achar que todo
mundo está querendo falar mal
dele para fazer promoção pessoal.
Ele veio num tom amigável, falou que nosso show foi o melhor,
e começamos a discutir. Nisso
chegou a mulher dele por trás, daquele tamanho, fortona, gritando
"dá um tapa na cara dele". Aí a
conversa acabou. O que eu ia fazer, dar um soco em Caetano, brigar na mão com segurança dele?
Folha - Você se amedrontou?
D2 - Eu tinha acabado de fumar
um skank. Não tenho motivo nenhum para ficar batendo boca
com ele, tenho problema muito
maior para resolver. Vou ter medo dele? Pelo amor de Deus. Por
ser uma pessoa inteligente e mais
velha, devia ser mais sensato e
tentar resolver aquilo.
Folha - Ele reclama que você o
deixou esperando no estúdio, sem
avisar que não ia. Não tem razão?
D2 - Tem, mas o grande problema é que por ser Caetano Veloso
ele não aceita um "amanhã eu
vou". Tem de ser na hora. Não
marquei estúdio nenhum. Marcaram para mim e ligaram para minha casa falando: "Você tem de
estar lá às sete horas". Não sou
empregado de ninguém, não tenho de estar em lugar nenhum,
vou na hora que quiser. Não fui.
Foi um bolo mesmo. Dei um bolo.
Folha - Não devia desculpas a ele?
D2 - Mas eu sou furão. Furo com
meu filho, com minha mulher,
com minha mãe. É horrível, mas
sou assim. Não acho uma ofensa
tão grande, não acho que devo
desculpa. Só peço licença que estou entrando na música, e, se ele
acha que o cenário da MPB é dele,
então me desculpa. Se não me deixar entrar, meto o pé na porta.
Folha - Você é zé mané?
D2 - Sou. Zé mané é um cara que
não gosta de Caetano Veloso. Não
entendo o porquê do zé mané.
Não uso esse termo. É otário? Não
sei. Ele deve estar satisfeito, brigou com zé mané.
Folha - O que é essa cicatriz na
sua testa?
D2 - Tomei uma paulada num
bar, em Passo Fundo. Nem era comigo a briga, mas, quando saí, era
campo de guerra, 20 caras com
pedaços de pau amarrados no punho. Me fodi, tomei sete pontos.
Folha - Você tem arma?
D2 - Não tenho arma, odeio. A
única vez que usei foi quando servi o Exército. Só fui obrigado a pegar em arma pelo governo, só ele
me obrigou a atirar.
Show: A Invasão do Sagaz Homem0-Fumaça
Grupo: Planet Hemp
Onde: Directv Music Hall (al. dos Jamaris,
213, Moema, tel. 0/xx/11/5643-2500)
Quando: sex. e sáb., às 22h, e dom., 20h
Quanto: R$ 20 a R$ 40
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