São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000


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RELÂMPAGOS
Beijo na seda

JOÃO GILBERTO NOLL

Ela estava ali, à procura de uma cadeira para comprar, rondando como sempre meio tonta em busca do utensílio que a pudesse remediar a tempo, mesmo que não soubesse exatamente o que significava ser remediada a tempo -aliás, as palavras iam perdendo pouco a pouco a transparência que seu pai recomendava: "A frase deve assoprar a névoa que confunde para que possa haver verdadeiro alívio à noite: a cabeça enfim no travesseiro, já quase divorciada do verbo, até que a claridade traga mais uma vez as sílabas, essas operárias das idéias, transações, freios". Num súbito, ela se sentou. De surpresa, beijou o forro adamascado do espaldar como se ela fosse um instinto sem a capa da epiderme, pura flora de nervos, voraz. Uma criança a observava com tenacidade. Feliz...


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