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ARTES PLÁSTICAS
Designer criou móveis do Centro Georges Pompidou
Givenchy muda visual e rejuvenesce com Reinoso
FERNANDA CIRENZA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pablo Reinoso, o homem que
criou, em 1992, o mobiliário do
Centro Georges Pompidou, em
Paris, agora figura na indústria do
luxo. Arquiteto, designer e escultor, ele é o responsável pela mudança das embalagens da marca
francesa de cosméticos Givenchy.
A estratégia da grife foi radical.
Os novos produtos da linha de
maquiagem Rouge Miroir, lançada na Europa há quatro meses e
que chega ao mercado nacional a
partir de setembro, em nada lembram os antigos.
O dourado foi descartado, dando lugar ao prateado fosco. As
formas "ricas e barrocas" foram
substituídas por outras "mais
modernas e funcionais".
Segundo Reinoso, 44, a proposta era rejuvenescer a Givenchy.
"Isso não significava que os produtos passariam a ser usados só
por garotas, mas por mulheres
contemporâneas, que podem ter
de 10 a 80 anos."
O carro-chefe da coleção são os
batons. "É o objeto mais comunicativo. Você pode não ter sombra
ou pó, mas carrega sempre um
batom. A partir dele, foram criadas as outras embalagens."
Revestidos de aço, os estojos
dos batons têm o formato de uma
bala de revólver, que se assemelha
a um objeto fálico, mas elegante.
Na tampa, um espelho oval.
Por que a forma de uma bala,
um artefato tão perigoso e violento? "A bala é uma ação, um impacto, e a mulher tem muita força
e poder. O estojo tem um design
forte, erótico e prático."
Cada exemplar do produto vai
custar no mercado nacional cerca
de R$ 50 -preço equivalente aos
seus concorrentes Chanel, Dior e
Yves Saint-Laurent. Um batom
nacional sai, em média, por R$ 10
(Payot e Marcelo Beauty).
Isabel Brossolette Branco, 38,
diretora da Givenchy no Brasil,
disse que a linha não chega com
preços novos. "O que altera é o
público. Queremos conquistar
mulheres mais atuais."
As outras embalagens seguem o
mesmo conceito definido por
Reinoso: a cor prata e um design
que agrega praticidade.
Esse é o caso dos frascos de esmalte. O recipiente bojudo tem
uma tampa prateada acoplada ao
cabo longo do pincel. É uma tentativa de facilitar a pintura das
próprias unhas. "Na Europa, há
poucas manicures."
Contratado pelo grupo LVMH
(Louis Vuitton/Moët Hennessy)
há três anos, Reinoso, que é argentino e mora na França há 20
anos, passou os dois últimos pesquisando como transformar a
imagem da marca. "Não foi fácil."
O primeiro produto foi o frasco
do perfume Oblique, cujo desenho se assemelha a um telefone
celular. Cabe na bolsa ou no bolso. "Estamos vivendo uma época
nômade, de Internet. A sociedade
mudou, e um símbolo dessa mudança é a mobilidade."
Como escultor, Reinoso já expôs seus trabalhos nas bienais de
Paris (1982) e Veneza (1993), no
Centro Georges Pompidou (Paris-1994) e no Museu de Arte Moderna de Salvador (1996).
Há cinco anos, utiliza como
protagonista de suas esculturas,
chamadas "respirantes", um elemento inusitado: o ar. Seus trabalhos são peças e ambientes que inflam com ar.
Como arquiteto, Reinoso apenas disse: "Minha formação é de
arquiteto, sou um apaixonado pela arquitetura. Mas meu trabalho
está no design e na escultura".
Segundo Pablo Reinoso, conciliar arte e design comercial é fácil.
"Cada coisa tem o seu mundo, e
eu sei os limites. A arte é uma investigação profunda que não precisa responder a algumas perguntas. No design comercial, o artista
tem sempre de dar algumas respostas", diz.
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