São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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Especialidade do autor é filme experimental

CRÍTICO DA FOLHA

Homenageado com retrospectivas completas de sua obra pelo Festival do Rio de 2002 e pelo Festival de Locarno (Suíça) de 2003, além de ter curtas exibidos em espaços nobres como o Museu de Arte Moderna de Nova York, Carlos Adriano é hoje uma das principais referências do cinema experimental feito a partir de materiais de arquivo ("found footage").
Pesquisador da Cinemateca Brasileira de 1986 a 2000, Adriano considera que sua tese de doutorado ("O Mutoscópio Explica a Invenção do Pensamento de Santos Dumont") completa "um trajeto que se esboçou de modo não muito consciente a partir do meu terceiro filme, "Remanescências" (1997), meu primeiro trabalho realizado com intervenções em material de arquivo".
O ponto de partida foram 11 fotogramas que sobraram do que seria a primeira filmagem no Brasil, feita por Cunha Sales em 1897. Depois, Adriano dirigiu, entre outros, "A Voz e O Vazio: A Vez de Vassourinha" (1998), sobre registros de um sambista paulista pouco conhecido, "Militância" (2002), intervenção sobre seis lâminas de lanterna mágica que o fotógrafo Augusto Militão de Azevedo fez para a série "As Três Idades", e "Um Caffé com o Miécio" (2003), sobre o cartunista Miécio Caffé.
Foi durante as pesquisas para "Militância" no Museu Paulista que Adriano vislumbrou a possibilidade de investigar o "objeto cinematográfico" ao qual fazia referência o acervo da sala Santos Dumont. Na restauração, pediu ajuda a especialistas em linguagem labial para descobrir o que o aviador dizia no filme, sem sucesso.
Na trilha de "Santoscópio = Dumontagem", produzida com grande riqueza sonora pelo editor Eduardo Mendes, ouvem-se trechos de um discurso de Dumont em 1929 e as canções "De Babado", de João Mina e Noel Rosa, e "Gravidade", de Caetano Veloso. (SR)


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