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FESTIVAL
Público sofre e se angustia no Reading
LÚCIO RIBEIRO
enviado especial a Reading (Inglaterra)
Alguém deveria processar os organizadores do Reading Festival,
gigantesco evento de música pop
que aconteceu sexta, sábado e domingo últimos na cidadezinha a
oeste de Londres.
Tudo bem que o tradicional festival britânico manteve a nobre
função de deixar viva a chama do
rock, movimentando toda a indústria da música do planeta com
uma impressionante reunião de
boas bandas, elevando a venda de
CDs às alturas e blablablá.
Mas, por outro lado, o Reading
99 mostrou um lado "criminoso",
matando, de cansaço e angústia,
boa parte do público.
Cansaço porque o Reading Festival, celebração ao ar livre de três
dias, 150 atrações e 100 mil pessoas em uma fazenda, exigiu condicionamento físico de atleta.
Era preciso muito gás para percorrer os quatro palcos do "complexo" do festival, que despejavam sem parar, por cerca de 12
horas diárias seguidas, ótimos
shows do britpop, as últimas da
eletrônica, apresentações de bandas da velha geração do pop, rap
da melhor qualidade, a nova onda
escocesa e mais e mais. Angústia
porque era comum ter de escolher um entre três bons shows que
aconteciam ao mesmo tempo.
Na sexta-feira, o que fazer quando o mesmo lugar, no mesmo horário, abrigava o show do velho e
bom Echo & The Bunnymen no
palco principal, enquanto a sensacional Guided by Voices, depois
o The Fall, davam o sangue no segundo palco, no exato instante
em que, a alguns passos dali, na
tenda dance, o Dee Jay Punk-Roc
preparava a cena para a apresentação da histórica Sugarhill Gang?
No domingo, no badalo das 21h,
a garotada punk do Offspring
mostrava o som do megassucesso
"Americana" para um público
entusiasmado, ao mesmo tempo
que os heróis indie Flaming Lips
encantavam o lotado segundo
palco, e o japonês eletrônico Cornelius chacoalhava a tenda dance.
Choradeira à parte, o Reading
Festival 99 proporcionou a grande volta da banda Elastica, que na
sexta mostrou excelente forma.
O sábado foi do mega Blur que,
de modo apoteótico, fechou o dia
do palco principal, aberto de manhã com a urgência punk do Atari
Teenage Riot.
No mesmo sábado, a excelente
banda escocesa Idlewild revivia a
adoração do Nirvana, em show
no segundo palco, na hora exata
em que a conterrânea Delgados
tocava no quase vazio terceiro
palco. Na tenda dance, M-ziq, Les
Rythmes Digitales, Roni Size e seu
Breakbeat Era, mais Gusgus se
apresentavam intercalados pelo
ótimo DJ Plastic Fantastic Machine, que mantinha a tenda lotada.
No domingo, o som do palco
principal pesou, em noite fechada
com inspirados shows do Offspring e Red Hot Chili Peppers.
Mais bandas americanas engataram inesquecível sequência no
palco secundário: Fountains of
Wayne, Luscious Jackson, Sparklehorse e Flaming Lips, ordem
quebrada apenas pela inclusão da
banda escocesa Arab Strap, em
ensurdecedora apresentação cósmica, densa, viajante.
E, pelo que foi possível acompanhar com apenas um par de olhos
e pernas, foi isso.
O jornalista Lúcio Ribeiro viajou a convite
da gravadora EMI
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