São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Tezza é autor mais premiado de 2008

Romance "O Filho Eterno" ganhou anteontem o Portugal Telecom; livro já levou Jabuti, "Bravo!" e APCA

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor catarinense Cristovão Tezza, 56, já pode ser considerado o autor mais premiado de 2008. Seu romance "O Filho Eterno" (Record; R$ 34, 224 págs.) venceu anteontem à noite, em São Paulo, o Prêmio Portugal Telecom. Ele recebeu o troféu das mãos da atriz Fernanda Montenegro, que leu textos de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, durante a festa na Casa Fasano.
Ao Portugal Telecom se somam o Jabuti de melhor romance e os prêmios da revista "Bravo!" e da Associação de Críticos de Arte de São Paulo. Tezza concorre ainda ao Jabuti de Livro do Ano (ficção), que será anunciado hoje à noite, e ao Prêmio São Paulo de Literatura, entregue em novembro.
Tezza diz que já perdeu "muito concurso na vida" e que, como se fala no futebol, está "correndo atrás do prejuízo", pois publica desde 1979, mas começou a ser premiado somente em 1998, quando "Breve Espaço entre Cor e Sombra" venceu o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
"Meu sonho é poder largar a universidade, onde estou há 22 anos, e poder me dedicar somente à literatura", diz Tezza, que ensina na Universidade Federal do Paraná, onde vive.

Casca de banana
Lançado em agosto do ano passado, o romance "O Filho Eterno" narra a história de dificuldades e pequenas vitórias de um homem que luta para criar seu filho com síndrome de Down. As tintas autobiográficas do romance, afirma Tezza, colocaram "cascas de banana" ao longo de seu processo de escrita, entre 2005 e 2007.
"O tema da relação de um pai com seu filho especial encontra na sociedade um discurso piedoso, pronto, o que é compreensível, porque se trata de uma forma de defesa. Mas, para a literatura, incorporar tal discurso seria péssimo. Eu tive de recusá-lo e me concentrar no indivíduo, evitando a casca de banana de cair na auto-ajuda ou no mero relato autobiográfico", diz o autor, cujo filho Felipe, 26, também é deficiente.

Traduções e livro novo
"O Filho Eterno" tem tido também boa repercussão no mercado internacional. O romance já teve uma tradução para o italiano e estão a caminho edições em Portugal, na Espanha, na França e na Austrália.
O escritor brinca que tem "vivido da fama" em 2008 e conta que tem cerca de 30 páginas de um livro que ainda não sabe se será novela ou romance, mas que pretende lançar até o fim de 2009. Ainda sem título, será uma história de amor:
"Tenho a pretensão utópica de que o livro fique com a mesma intensidade dramática de "O Filho Eterno", mas não sei se vou conseguir", diz Tezza. "Em termos de linguagem, é um livro que se aproxima de "O Fotógrafo" [romance de 2004] porque se trata de um mergulho na intimidade."


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