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Tezza é autor mais premiado de 2008
Romance "O Filho Eterno" ganhou anteontem o Portugal Telecom; livro já levou Jabuti, "Bravo!" e APCA
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
O escritor catarinense Cristovão Tezza, 56, já pode ser
considerado o autor mais premiado de 2008. Seu romance
"O Filho Eterno" (Record; R$
34, 224 págs.) venceu anteontem à noite, em São Paulo, o
Prêmio Portugal Telecom. Ele
recebeu o troféu das mãos da
atriz Fernanda Montenegro,
que leu textos de Fernando
Pessoa, Carlos Drummond de
Andrade e Clarice Lispector,
durante a festa na Casa Fasano.
Ao Portugal Telecom se somam o Jabuti de melhor romance e os prêmios da revista
"Bravo!" e da Associação de
Críticos de Arte de São Paulo.
Tezza concorre ainda ao Jabuti
de Livro do Ano (ficção), que
será anunciado hoje à noite, e
ao Prêmio São Paulo de Literatura, entregue em novembro.
Tezza diz que já perdeu
"muito concurso na vida" e que,
como se fala no futebol, está
"correndo atrás do prejuízo",
pois publica desde 1979, mas
começou a ser premiado somente em 1998, quando "Breve
Espaço entre Cor e Sombra"
venceu o Prêmio Machado de
Assis da Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro.
"Meu sonho é poder largar a
universidade, onde estou há 22
anos, e poder me dedicar somente à literatura", diz Tezza,
que ensina na Universidade Federal do Paraná, onde vive.
Casca de banana
Lançado em agosto do ano
passado, o romance "O Filho
Eterno" narra a história de dificuldades e pequenas vitórias de
um homem que luta para criar
seu filho com síndrome de
Down. As tintas autobiográficas do romance, afirma Tezza,
colocaram "cascas de banana"
ao longo de seu processo de escrita, entre 2005 e 2007.
"O tema da relação de um pai
com seu filho especial encontra
na sociedade um discurso piedoso, pronto, o que é compreensível, porque se trata de
uma forma de defesa. Mas, para
a literatura, incorporar tal discurso seria péssimo. Eu tive de
recusá-lo e me concentrar no
indivíduo, evitando a casca de
banana de cair na auto-ajuda
ou no mero relato autobiográfico", diz o autor, cujo filho Felipe, 26, também é deficiente.
Traduções e livro novo
"O Filho Eterno" tem tido
também boa repercussão no
mercado internacional. O romance já teve uma tradução para o italiano e estão a caminho
edições em Portugal, na Espanha, na França e na Austrália.
O escritor brinca que tem "vivido da fama" em 2008 e conta
que tem cerca de 30 páginas de
um livro que ainda não sabe se
será novela ou romance, mas
que pretende lançar até o fim
de 2009. Ainda sem título, será
uma história de amor:
"Tenho a pretensão utópica
de que o livro fique com a mesma intensidade dramática de
"O Filho Eterno", mas não sei se
vou conseguir", diz Tezza. "Em
termos de linguagem, é um livro que se aproxima de "O Fotógrafo" [romance de 2004] porque se trata de um mergulho na
intimidade."
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