São Paulo, sábado, 31 de outubro de 1998

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RESENHA
Obra retrata pop star egípcio

da Redação

Christian Jacq se apoderou de um personagem que viveu há 3.000 anos -numa cultura muito diferente da que se filiaria à ocidental e cuja época traz enorme dificuldade para a obtenção de registros sobre a vida cotidiana- num pop star.
Seu Ramsés se assemelha a Indiana Jones ou Super-Homem, no que se refere ao vigor físico e à obstinação. Já a trama não fica atrás de "Guerra nas Estrelas" ou qualquer épico cinematográfico moderno nos quesitos ação, violência e sexo.
Jacq constrói a narrativa num tom confessional de encadeamento rápido.
O fato de evocar um assunto bastante abordado por literaturas de primeira e segunda mão, em que o Egito figura como lugar idílico em que há justiça social, riqueza, liberdade sexual e glamour, fica em segundo plano no arsenal de Jacq.
Seu estilo novelesco é a fórmula do sucesso de "Ramsés". Nele estão o romance, o maniqueísmo, a valorização do indivíduo e do ato heróico. Em "O Filho da Luz" isso se faz claramente em dois pontos.
O primeiro é o mistério sobre a escolha do faraó. A dúvida sobre a nomeação de Ramsés ou de seu irmão Chenar determina os comportamentos. Mas, é um falso mistério. Se a proposta é contar a saga de um faraó em cinco livros, aventar a hipótese de Ramsés não virar faraó é absurda.
Mesmo assim, boa parte das 389 páginas atravessam febrilmente o caminho para o desenlace conhecido.
O segundo ponto refere-se ao suspense das emboscadas armadas por Chenar para levar o irmão à morte.
Assim como é sabido que Ramsés se tornará faraó, também é óbvio que não vai morrer no primeiro livro. É aí que se sobressai a sutileza de Jacq, que cria mistério nos momentos que antecedem o perigo e muda repentinamente o foco narrativo para histórias paralelas.
O conhecimento que Jacq tem da história do Egito lhe garantiu uma honesta descrição da política e da sociedade da época. Mas sua paixão pelo faraó acabou por aproximar Ramsés a um super-herói moderno. (SC)


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