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RESENHA
Obra retrata pop star egípcio
da Redação
Christian Jacq se apoderou de um personagem que
viveu há 3.000 anos -numa cultura muito diferente
da que se filiaria à ocidental
e cuja época traz enorme dificuldade para a obtenção
de registros sobre a vida cotidiana- num pop star.
Seu Ramsés se assemelha
a Indiana Jones ou Super-Homem, no que se refere ao
vigor físico e à obstinação.
Já a trama não fica atrás de
"Guerra nas Estrelas" ou
qualquer épico cinematográfico moderno nos quesitos ação, violência e sexo.
Jacq constrói a narrativa
num tom confessional de
encadeamento rápido.
O fato de evocar um assunto bastante abordado
por literaturas de primeira e
segunda mão, em que o Egito figura como lugar idílico
em que há justiça social, riqueza, liberdade sexual e
glamour, fica em segundo
plano no arsenal de Jacq.
Seu estilo novelesco é a
fórmula do sucesso de
"Ramsés". Nele estão o romance, o maniqueísmo, a
valorização do indivíduo e
do ato heróico. Em "O Filho
da Luz" isso se faz claramente em dois pontos.
O primeiro é o mistério
sobre a escolha do faraó. A
dúvida sobre a nomeação
de Ramsés ou de seu irmão
Chenar determina os comportamentos. Mas, é um falso mistério. Se a proposta é
contar a saga de um faraó
em cinco livros, aventar a
hipótese de Ramsés não virar faraó é absurda.
Mesmo assim, boa parte
das 389 páginas atravessam
febrilmente o caminho para
o desenlace conhecido.
O segundo ponto refere-se ao suspense das emboscadas armadas por Chenar
para levar o irmão à morte.
Assim como é sabido que
Ramsés se tornará faraó,
também é óbvio que não vai
morrer no primeiro livro. É
aí que se sobressai a sutileza
de Jacq, que cria mistério
nos momentos que antecedem o perigo e muda repentinamente o foco narrativo
para histórias paralelas.
O conhecimento que Jacq
tem da história do Egito lhe
garantiu uma honesta descrição da política e da sociedade da época. Mas sua paixão pelo faraó acabou por
aproximar Ramsés a um super-herói moderno.
(SC)
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