São Paulo, sábado, 31 de outubro de 1998

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Interesse da França remonta a Napoleão

da Redação

O interesse que a França alimenta pelo Egito remonta à expedição realizada por Napoleão Bonaparte, em 1798, e inspira até hoje tanto os acadêmicos como a literatura.
A viagem, que contou com uma comitiva de geólogos, biólogos e outros pesquisadores, mapeou e descreveu pela primeira vez de forma ampla e com algum rigor científico -da forma como isso era usual no século 18- o que seria o esboço para que se reconstruísse a história egípcia.
Até os dias de hoje, pouca coisa se escreveu sobre o Egito sem precisar recorrer aos documentos recolhidos durante aquela viagem.
Muito do que foi carregado à época pelos franceses foi parar nas mãos dos ingleses. O mais importante achado, a Pedra da Roseta, permitiu a Jean-François Champollion decifrar a escrita hieroglífica, em 1822.
Fora do circuito acadêmico, o imaginário ocidental elegeu o Egito não como uma realidade histórica, mas sim como lugar ideal que serviu para a elaboração de fantasias -pelo lúdico e pelo fausto com que era representado.
Era uma sociedade em que a vontade individual tinha um valor jurídico muito maior do que na Grécia ou na Roma antiga. A mulher tinha mais independência legal, podendo gerir seu testamento e ocupar cargos governamentais -algumas chegaram a ser faraós, como Hatshepsut (na 8ª dinastia) e Tausret (na 20ª).
Além disso, a idéia de vingança pessoal praticamente inexistia, havendo uma obsessão por tribunais, aos quais até mesmo os deuses eram submetidos.
Esse imaginário acabou incutindo na memória do Egito fatores completamente exteriores a ele. Afinal, a quantidade de documentos, templos, narrativas e histórias deixadas podem causar a impressão de que havia naquela época algum tipo de reflexão do povo egípcio sobre si próprio e sobre sua cultura. O que não aconteceu numa escala significativa.
O interesse pelo registro dos fatos históricos, das guerras e de eventos coletivos (festas, celebrações religiosas) sempre foi grande ao longo da história do Império. Entretanto, restaram poucos indícios de que a teorização sobre os mesmos tivesse, em algum momento, sido comum. (SC)


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