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Interesse da França remonta a Napoleão
da Redação
O interesse que a França alimenta pelo Egito remonta à expedição
realizada por Napoleão Bonaparte,
em 1798, e inspira até hoje tanto os
acadêmicos como a literatura.
A viagem, que contou com uma
comitiva de geólogos, biólogos e
outros pesquisadores, mapeou e
descreveu pela primeira vez de forma ampla e com algum rigor científico -da forma como isso era
usual no século 18- o que seria o
esboço para que se reconstruísse a
história egípcia.
Até os dias de hoje, pouca coisa
se escreveu sobre o Egito sem precisar recorrer aos documentos recolhidos durante aquela viagem.
Muito do que foi carregado à
época pelos franceses foi parar nas
mãos dos ingleses. O mais importante achado, a Pedra da Roseta,
permitiu a Jean-François Champollion decifrar a escrita hieroglífica, em 1822.
Fora do circuito acadêmico, o
imaginário ocidental elegeu o Egito não como uma realidade histórica, mas sim como lugar ideal que
serviu para a elaboração de fantasias -pelo lúdico e pelo fausto
com que era representado.
Era uma sociedade em que a vontade individual tinha um valor jurídico muito maior do que na Grécia ou na Roma antiga. A mulher
tinha mais independência legal,
podendo gerir seu testamento e
ocupar cargos governamentais
-algumas chegaram a ser faraós,
como Hatshepsut (na 8ª dinastia) e
Tausret (na 20ª).
Além disso, a idéia de vingança
pessoal praticamente inexistia, havendo uma obsessão por tribunais,
aos quais até mesmo os deuses
eram submetidos.
Esse imaginário acabou incutindo na memória do Egito fatores
completamente exteriores a ele.
Afinal, a quantidade de documentos, templos, narrativas e histórias
deixadas podem causar a impressão de que havia naquela época algum tipo de reflexão do povo egípcio sobre si próprio e sobre sua cultura. O que não aconteceu numa
escala significativa.
O interesse pelo registro dos fatos históricos, das guerras e de
eventos coletivos (festas, celebrações religiosas) sempre foi grande
ao longo da história do Império.
Entretanto, restaram poucos indícios de que a teorização sobre os
mesmos tivesse, em algum momento, sido comum.
(SC)
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