São Paulo, Sexta-feira, 31 de Dezembro de 1999


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MUSEU
Após 26 meses de reformas, o centro cultural Georges Pompidou, em Paris, volta a funcionar
Abre amanhã o "Louvre do século 21"

FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

O centro cultural Georges Pompidou, mais conhecido como Beauborg, reabre suas portas para o público a partir das 11h deste dia 1º de janeiro, depois de 26 meses de "recesso" para reformas, que consumiram cerca de US$ 100 milhões (576 milhões de francos).
"Já era tempo de fazer um trabalho de renovação geral no centro. Além disso, com a ampliação do Museu Nacional de Arte Moderna para dois andares inteiros, precisamos conceber um novo projeto arquitetônico também", disse Isabelle Monod-Fontaine, diretora-adjunta do museu.
Quando foi fundado, em 1977, o centro Georges Pompidou esperava receber diariamente 7.000 visitantes. Mas contabilizou quase o quádruplo, com a média de 25.000 por dia. Desde a sua fundação, cerca de 160 milhões de pessoas passaram pelo centro.
Segundo dados da Maison de la France, de 1998, no ano em que foi fechado para reformas, o Beaubourg era o terceiro lugar mais visitado de Paris (5,6 milhões), atrás apenas da catedral Notre Dame (12 milhões) e da igreja Sacré-Coeur (6 milhões).

Arte do século 20
Algumas das principais novidades da versão ano 2000 do Beaubourg, um dos principais centros mundiais de referência da arte e da cultura do século 20, estão no Museu Nacional de Arte Moderna, que agora ocupa o quarto e o quinto níveis do centro (confira as atrações do Pompidou ao lado).
"O quinto andar foi reservado à coleção de arte moderna até os anos 60, e o quarto, consagrado à arte contemporânea", comenta Monod-Fontaine. A nova concepção do museu foi elaborada por seu diretor, Wernes Spies.
Com 4.500 metros quadrados a mais (totalizando 14.000), o museu agora expõe 1.400 obras permanentemente. Antes da reforma, eram 800. "Essa nova apresentação é também uma metamorfose", afirmou Spies.
"Há pinturas, esculturas, mas também obras de arquitetura, design, fotografia, todas integradas no percurso", disse Spies, "e os diálogos entre Braque e Picasso, as confrontações entre Balthus e Bellmer, ou as inovações, como Raynaud e Beuys na mesma sala."
Não foi à toa que o presidente do centro cultural Georges Pompidou, Jean-Jacques Aillagon, reservou um dos seus raros minutos de descontração enquanto supervisionava os últimos retoques antes da reabertura, para dizer à Folha: "É um encantamento. Vamos reabrir o Louvre do século 21".

Acervo e aquisições
Entre as 900 obras expostas no quinto andar, dedicado à arte moderna de 1900 a 1960, a história do período é "narrada" por obras do fauvismo, do expressionismo abstrato americano, por exemplo, com destaque para o conjunto de esculturas cubistas e as obras de grandes artistas como Matisse, Picasso, Kandinsky e Miró.
Além de estarem representados os principais movimentos artísticos, como o surrealismo, o abstracionismo e a arte informal, no quinto nível há ainda o terraço, renovado por Renzo Piano - responsável pelo projeto do centro, junto a Richard Rogers-, com espelhos de água que refletem o céu de Paris, e esculturas monumentais de Laurens, Calder e Miró.
Na entrada do quarto andar, há também uma grande escultura de Jean Tinguely, e as obras contemporâneas da arte pop de Warhol e Rauschenberg, do novo realismo de Arman e Niki de Saint-Phalle, do cinematismo de Albers e Vasarely, da arte conceitual e dos novos nomes da pintura figurativa.
O acervo do Museu Nacional de Arte Moderna do centro cultural Georges Pompidou, de 44.000 obras, é considerado o segundo do mundo, atrás do MoMA (Museu de Arte Moderna), de Nova York.
"Sem comparar termo a termo, o que sempre é muito difícil, nossa coleção é comparável às maiores do mundo, principalmente à do MoMA. Nós somos amigos e rivais em matéria de arte moderna e contemporânea", comentou a diretora-adjunta do museu francês.
A previsão é de que, a cada 18 meses, a exposição permanente das obras modernas seja renovada, e a das obras contemporâneas, anualmente, para que a coleção seja conhecida pelo público.
O centro Georges Pompidou reabre com novos horários, das 11h às 21h.


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