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CASSIA ELLER
Laudo de exames da necropsia deve demorar de 20 a 30 dias; família descarta a hipótese de uso de drogas
Polícia vê morte da cantora como "suspeita"
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MÁRIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio ainda não sabe o que
causou a morte da cantora Cássia
Eller -na 10ª Delegacia Policial, em
Botafogo (zona sul), o caso foi registrado como "morte suspeita".
Eller morreu às 19h05 de sábado, aos 39 anos, na clínica Santa
Maria, em Laranjeiras (zona sul),
após sofrer três paradas cardíacas.
Por determinação da polícia, o
corpo foi submetido à necropsia
no IML (Instituto Médico Legal)
na madrugada de ontem.
Na declaração de óbito, consta
que a definição da causa da morte
ainda depende do resultado de
exames da necropsia, como o toxicológico. O laudo final sai num
prazo de 20 a 30 dias.
O delegado Marcos Reimão, da
Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, disse que a
polícia está acompanhando o caso porque tomou conhecimento,
pela imprensa, da hipótese de
morte por intoxicação exógena, o
que poderia significar abuso de
drogas. "A polícia não descarta
nenhuma hipótese, seja acidente,
suicídio, intoxicação, homicídio
ou erro médico. Não se pode macular a imagem de uma pessoa
sem ter certeza. Vamos apurar."
O Cremerj (Conselho Regional
de Medicina do Rio de Janeiro)
investigará se houve falha no
atendimento da clínica. "Estranhei e até lamento que essa moça
tenha ido para essa clínica. É de
pequeno porte, não é de padrão
A", disse o presidente da entidade, Mário Jorge Noronha. A Folha
tentou localizar ontem algum responsável pela Santa Maria. Os
atendentes diziam que não havia
ninguém para falar sobre o caso.
Exame no IML
A família de Cássia Eller não
queria permitir o exame no IML.
Karla Eller, 38, irmã da cantora,
disse que descarta a hipótese de
morte por uso de drogas. "A gente
achava que não ia ser necessário,
mas acabou aceitando para não
haver nenhuma dúvida quanto às
causas da morte. Não há a menor
hipótese de ser por causa de drogas", afirmou Karla.
Em entrevista em abril, a cantora disse que fora dependente de
cocaína, mas deixara o vício. "Fiz
um tratamento de desintoxicação, que durou de 1998 a 2000. Encontrei Jesus, sigo com ele, limpinha", contou ela.
Eller foi internada na Santa Maria por volta das 13h de sábado. O
único boletim médico divulgado
diz que ela chegou "com quadro
de desorientação e agitação", evoluindo rapidamente para "depressão respiratória e parada cardiorrespiratória".
Karla Eller disse que a cantora
começou a passar mal no Natal,
com uma crise de asma, fortes dores no peito e dificuldades de respirar. "Ela achava que as dores
eram efeito do cigarro e resolveu
parar de fumar."
Ela disse que a irmã foi levada à
clínica no final da manhã de sábado por duas percussionistas de
sua banda, Lanlan e Tamina.
"Quando chegamos à clínica, ela
não queria ficar lá de jeito nenhum, dizendo que queria ficar
com a família, que tinha vindo de
Belo Horizonte", afirmou Karla.
O jornaleiro Rogério Guida, 54,
dono de uma banca perto da clínica, disse que viu Eller na rua por
volta das 12h de sábado. "Ela chorava muito. Aí saiu da clínica um
médico, dr. Marcelo [Heringer, irmão do diretor da clínica", dizendo que havia sido chamado."
No posto de gasolina em frente
à banca, um morador que pediu
para não ser identificado disse
que Cássia estava tentando deixar
a clínica e que o médico havia saído para buscá-la. Uma funcionária da clínica deu a mesma versão.
No prédio em que a cantora
morava, no Cosme Velho (zona
sul), o porteiro Ademir Nascimento dos Santos disse que a viu
pela última vez no sábado, por
volta das 11h, quando Eller saiu de
carro com duas amigas. "Ela me
deu as chaves do apartamento,
porque a mãe ia chegar, e me desejou feliz Ano Novo. Parecia normal. Saiu e não voltou mais."
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