São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2010 |
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CRÍTICA COMÉDIA "Trabalho Sujo" falha ao abordar pobreza Dos mesmos produtores de "Pequena Miss Sunshine", o longa retrata uma família que limpa cenas de crime ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Como os tempos são de crise econômica nos EUA, o momento parece perfeito para uma comédia sobre as dificuldades da sobrevivência de uma família. Esta é a proposta de "Trabalho Sujo", terceiro longa dirigido pela neozelandesa Christine Jeffs, dos mesmos produtores do independente "Pequena Miss Sunshine", sucesso inesperado de 2006. A família Lorkowski vive à margem do consumo, do sonho americano. Rose (Amy Adams), a filha mais velha, era a gatinha do colégio e despertava inveja nas colegas. Mas chega aos 30 fazendo faxina para sobreviver com o filho que cria sozinha. Norah (Emily Blunt), a irmã menor, ainda mora com o pai. Passa o tempo dormindo, fumando maconha e fazendo bicos como garçonete, mas não dura em emprego algum. O pai delas (Alan Arkin, que fazia o avô em "Pequena Miss Sunshine") é um fracassado, que continua querendo salvar a pátria com negócios tão mirabolantes quanto malfadados. Graças a um amante policial, que lhe passa clientes, Rose abre uma empresa de limpeza de cenas de crimes. O trabalho é repugnante, e por isso muito bem pago. Rose chama Norah para a empreitada e tudo começa a caminhar bem. Mas problemas vão surgir, ameaçando a escalada social da dupla. "Trabalho Sujo" alterna cenas divertidas e momentos dramáticos. Parte das cenas cômicas usa e abusa do humor negro, com as irmãs lavando um banheiro ensanguentado com uma escovinha ou transportando pela rua um colchão em avançado estado de decomposição. Outras boas cenas mostram a cumplicidade entre o pai de Rose com o neto. Mas há um franco desequilíbrio entre os dois registros, pois as cenas dramáticas pretendem levar o espectador às lágrimas mostrando a solidão e o aspecto mais sinistro das irmãs, enquanto as cenas cômicas cumprem seu papel. O lado amargo da comédia prevalece sobre o doce, mesmo que a narrativa termine com a promessa de um futuro melhor para a família. O filme acaba passando ao largo do que tem de mais interessante, a questão da pobreza nos EUA. Temas como o fracasso da família -a morte precoce da mãe certamente tem algo a ver com isso-; o fiasco afetivo de Rose, com o filho "problemático" expulso da escola; a irmã frágil e perdida em todos os aspectos não são abordados de frente. Arrancar risadas com humor negro é mais fácil do que falar da indigência desta família de "losers" perdida na América profunda. Apesar de presente o tempo todo, essa miséria material e existencial acaba sendo edulcorada. TRABALHO SUJO DIREÇÃO Christine Jeffs PRODUÇÃO EUA, 2008 COM Amy Adams, Emily Blunt e Alan Arkin ONDE Belas Artes e Frei Caneca Unibanco Arteplex CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO Regular Texto Anterior: Sem tempo para morrer Próximo Texto: Crítica/Drama: "O Primeiro que Disse" peca por ter personagens óbvios Índice | Comunicar Erros |
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