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Exposição mostra lado inovador de Eliseu Visconti

Retrospectiva com 250 obras na Pinacoteca mostra como o artista flertou com vanguardas do século 20

Italiano radicado no Rio, Visconti rompeu com a produção mais acadêmica e trabalhou com escolas distintas

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Não são poucas as telas de Eliseu Visconti que envelheceram mal, com figuras quase apagadas pelas camadas de verniz que escureceram.

Da mesma forma, esse italiano radicado no Rio, morto aos 78 em 1944, ficou esquecido num ponto cego da história da arte brasileira, entre a era acadêmica e o começo das vanguardas do século 20.

Ele mesmo, antes da algazarra da Semana de Arte Moderna, já experimentava os estilos em voga em Paris, onde viveu, e fez de sua obra, agora em grande retrospectiva na Pinacoteca do Estado, um amálgama poderoso de vertentes e escolas distintas.

No fim do século 19, ainda no Rio, enveredou pelo realismo social e foi um dos primeiros a incluir a figura do negro em suas composições.

Rompeu com o estilo acadêmico de seu professor Victor Meirelles e ajudou a fundar o Ateliê Livre, o episódio mais próximo de uma secessão estética na arte do Brasil.

Mas a ruptura real aconteceu em Paris, onde Visconti viu de perto o realismo, o último grito do simbolismo e os primórdios impressionistas. Fez "Gioventù", sua obra-prima, e uma série de nus que foram na contramão do que se fazia no Brasil na época.

Sua tela mais conhecida mostra uma garota de traços estilizados, a cabeça desproporcional ao tronco e braços e mãos torneados, num bosque fantástico e primitivo, seguindo à risca a cartilha simbolista então na moda.

Depois, retratou meninas nuas numa cama, tentando escapar do calor do verão.

"Elas têm uma naturalidade enorme", diz Mirian Seraphim, uma das curadoras da mostra. "Num momento de erotismo forçado na arte, Visconti não tem essa pose."

Nesses nus, ele também incorpora leques e outros adereços orientais, que faziam a cabeça dos impressionistas.

No fim da vida, já no Rio, Visconti retrata paisagens de Santa Teresa, Lapa e Copacabana, com o mesmo estilo de pinceladas rápidas, leves e de cores estonteantes, em nome de um bucolismo redivivo.

ELISEU VISCONTI

QUANDO de ter. a dom., das 10h às 17h30; até 26/2/2012
ONDE Pinacoteca (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
QUANTO R$ 6 (grátis aos sábados)

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