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Crítica Drama

Filme fala de sexo sem cair em estereótipos

'Triângulo Amoroso' reabilita diretor alemão de 'Corra, Lola, Corra' após coproduções internacionais frustrantes

PEDRO BUTCHER
colaboração para a folha

É um fenômeno no mínimo estranho: no universo audiovisual contemporâneo, o sexo está em todos os lugares e em lugar nenhum.

Por todos os cantos, transbordam imagens repletas de conotação sexual; na publicidade, o sexo é peça-chave na criação de desejos de consumo, ainda que sempre seja explorado nos limites das convenções sociais e de estereótipos geralmente terríveis.

Enquanto isso, as discussões em torno da sexualidade e as cenas de sexo em si são cada vez mais raros.

Do cinema praticamente desapareceram e, quando muito, estão segregadas em filmes "de nicho", de circulação bastante limitada.

É nesse contexto que "Triângulo Amoroso" acaba se destacando.

O filme reabilita o cineasta alemão Tom Tykwer depois de experiências frustrantes: "Perfume - História de um Assassino" (2006) e "Trama Internacional" (2009) foram filmes de grande orçamento, falados em inglês, que sucumbiram às armadilhas das coproduções internacionais.

De volta à língua alemã e a Berlim (por onde corria a personagem de seu "Corra, Lola, Corra"), Tykwer se mostra mais à vontade e fluente.

O roteiro engenhoso, assinado pelo próprio diretor, consegue convencer em seu complicado ponto de partida: um casal -Hanna (Sophie Rois) e Simon (Sebastian Schipper)- inicia casos extraconjugais com uma mesma pessoa (um homem), sem que um saiba do outro.

A trama se desenvolverá de forma quase sempre leve, com bons momentos de alívio cômico, sem descambar para os desfechos moralistas e/ou trágicos que têm sido regra quando o assunto é sexo.

As pressões sociais não são ignoradas, mas estão sempre dentro das tensões inerentes de uma vida de casal -isto é, entre aquilo que é extremamente pessoal e íntimo e aquilo que é a face pública de um relacionamento (a família, as amizades).

Visualmente, Tykwer recorre a arriscadas imagens metafóricas -como o balé sobre fundo branco que abre o filme ou a ilusão de movimento dos fios vistos de uma janela de trem- e apela para a divisão da tela para dar dinamismo à história.

Mas tudo isso é acessório diante daquilo que o filme tem de melhor: a escalação de seus atores principais.

Sophie Rois, Sebastian Schipper e Devid Striesow (como Adam, o amante duplo) são figuras carismáticas que fogem da imagem publicitária-glamourosa que se tornou regra em tantos filmes, principalmente nos que ainda ousam falar de sexo.

TRIÂNGULO AMOROSO

DIREÇÃO Tom Tykwer

PRODUÇÃO Alemanha, 2010

ONDE Cinesesc

CLASSIFICAÇÃO 16 anos

AVALIAÇÃO bom

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