Crítica ciência

Best-seller Oliver Sacks faz estudo sobre as samambaias

Oliver Sacks, 78, é um médico britânico conhecido pelo seu interesse por doenças neurológicas e pelos seus best-sellers com nomes engraçados, como "O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu" e "Um Antropólogo em Marte", ambos pela Companhia das Letras.

A editora lança agora no Brasil "Diário de Oaxaca". O próprio Sacks admite que o nome é menos inspirado e que se trata de um livro menor, no tamanho (128 páginas) e na relevância.

Fugindo da neurociência, Sacks conta "desta vez" (o livro foi publicado nos EUA ainda em 2002) como se juntou a um grupo de pesquisadores e de amadores entusiastas de... bom, entusiastas de samambaias.

Eles fizeram uma excursão até Oaxaca, Estado do México repleto dessas plantas, para conhecê-las mais de perto.

O leitor sem muito interesse por botânica vai achar várias partes (e algumas figuras) entediantes. Se o seu conhecimento vegetal se limita a visitar a floricultura no Dia dos Namorados (e olhe lá!), as longas descrições da morfologia das samambaias nem sequer farão muito sentido.

De qualquer forma, o autor, típico intelectual com interesses generalistas, alterna relatos sobre plantas com reflexões sociológicas e históricas que vai tendo ao longo da sua viagem.

Ele conta, por exemplo, como é diferente o comportamento dos passageiros de avião no México e nos EUA.

Os latinos, relata, ignoram o sinal que pede para manter os cintos afivelados, conversam alto, comem em pé. Os americanos, mais sisudos, não deixam de manter uma certa formalidade aérea.

Em outro trecho, Sacks cita a história dos povos pré-colombianos do México. O leitor pode odiar samambaias, mas talvez tenha interesse em saber, por exemplo, que, no século 15, a pujante capital asteca, Tenochtitlan, tinha 200 mil habitantes -muito mais do que qualquer capital europeia da época.

DIÁRIO DE OAXACA
AUTOR Oliver Sacks
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Laura Teixeira Motta
QUANTO R$ 32 (128 págs.)
AVALIAÇÃO regular