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Diretor de 'Lost' diz que séries precisam 'ir além' para durar

Responsável por comandar seis temporadas do programa criado por J.J. Abrams, Jack Bender deu palestra no Rio

Americano busca 'alma' para a recém-lançada 'Alcatraz' e diz que adoraria fazer séries em parceria com o Brasil

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

Dois anos depois do fim de "Lost", Jack Bender ainda está com saudades do Havaí. Afinal, foram seis anos morando lá para dirigir o seriado que revolucionou o modo de consumir televisão.

A série fez com que o público sintonizasse o canal ABC no horário da estreia e expandiu o debate sobre o que ocorria na TV para blogs e redes sociais.

"Os fãs não queriam perder o início do diálogo na internet. A experiência com 'Lost' começava quando o episódio ia ao ar e seguia até a semana seguinte, quando havia algo novo a ser discutido", diz, por telefone, do Rio, onde participou de um seminário na quarta no Rio Content Market, evento sobre mercado audiovisual que termina hoje.

Comparadas as audiências de "Lost" com a de seu novo seriado, "Alcatraz" (em cartaz no Brasil pela Warner), fica claro que agora ela está bem mais pulverizada.

"As pessoas não precisam ver os episódios na estreia. Elas gravam, assistem por streaming, no DVD...", diz.

Talvez por isso "Alcatraz" não seja um fenômeno -e esteja correndo o risco de não ser renovada. Trata de prisioneiros e guardas da lendária prisão em San Francisco. Eles sumiram e reaparecem 50 depois, sem ter envelhecido.

"Ainda estamos tentando encontrar a alma do programa. Se for só sobre a busca por um bandido, não vai funcionar. Mas Alcatraz é um lugar assustador no imaginário americano e tem futuro."

O problema é que os exibidores nos EUA não estão tão certos desse potencial, desconfiados da audiência que a série vem registrando.

"Vivemos em um mundo muito rápido, e os estúdios muitas vezes não sabem o que têm nas mãos. Quando a ABC pôs 'Lost' no ar, imaginou que teria só 12 episódios. Olhando em retrospecto, chega a ser engraçado", ri.

"No fundo, o programa precisa ter algo além da superfície, senão é apenas perfumaria", aconselha ele, que dirigiu outros sucessos como "Alias" e "Família Soprano".

FIM DE UMA ERA

Para os fãs que ficaram decepcionados com a falta de explicações dos mistérios da ilha de "Lost", Jack Bender defende que o final da série foi pertinente: "Não caberia ter dito que era o governo fazendo experiências ou que era culpa da CIA".

"A série era sobre o monstro dentro das pessoas e sobre as coisas monstruosas que podiam fazer."

Mesmo sem respostas claras, como ele diz, "Lost" foi "o último grande espetáculo da TV". "Será difícil ter outro seriado dessa magnitude."

Durante a estadia no Brasil, diz que gostaria de se familiarizar com alguns programas e achar algo para filmar aqui. "Afinal, o mundo é um lugar pequeno."

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