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Novo Strindberg ganha apelo audiovisual

Premiado espetáculo preserva o tema central de "Julia", de 1888, e se moderniza dialogando com vídeos e fotos

Com set de filmagem no palco, protagonista vive rodeada por câmeras em adaptação da obra do dramaturgo sueco

GUSTAVO FIORATTI
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

O trabalho da diretora Christiane Jatahy, que este ano recebeu o prêmio Shell no Rio por seu espetáculo "Julia", há tempos transita por campos de expressão diversos, retornando a uma velha questão: até que ponto as fronteiras entre cinema, teatro e artes visuais ainda sobrevivem?

Como nos espetáculos anteriores, realizados com a companhia Vértice, "Julia" se modela a partir da presença de recursos audiovisuais em cena. A montagem, que será apresentada hoje e amanhã no Festival de Curitiba, adapta "Senhorita Júlia" (1888) do sueco August Strindberg (1849-1912), com vistas para uma época determinada pela proliferação de vídeos e fotografias.

Com a adaptação do texto, a protagonista deixa de ser uma menina aristocrata do século 19. Perde o título "senhorita" e ganha o rosto de uma patricinha moderna, cercada por seguranças e babás. O tema central, de qualquer forma, é preservado: ela seduz um empregado (Rodrigo dos Santos), que revida com agressão sexual.

Agora, Julia (interpretada por Júlia Bernat) também vive cercada por câmeras, que não fazem apenas parte de um sistema de segurança imposto por seus pais. A ideia do espelho narcísico também reitera o peso de um labirinto mental.

Há um set de filmagem montado sobre o palco, com um operador de câmera, e há projeções das imagens captadas ao vivo, bem como de cenas pré-gravadas. "O texto, de tão realista, transcende o realismo", diz a diretora. "É o que o cinema faz, de certa forma. O close pode te dar a sensação de estar assistindo a algo no quarto da personagem", completa.

Com sua vocação para abarcar linguagens distintas, bem como para usar tecnologia, Jatahy hoje ainda dirige um projeto de residências artísticas em Londres, em evento patrocinado pelo Estado do Rio de Janeiro que precederá os Jogos Olímpicos. A diretora participou da seleção de trinta artistas do Rio de Janeiro (entre músicos, grafiteiros, performers, artistas plásticos) que, de julho a agosto, irão desenvolver trabalhos em parceria com artistas britânicos.

JULIA

QUANDO hoje e amanhã, às 21h

ONDE Teatro Bom Jesus (r. 24 de maio, 135, tel. 0/xx/41/2105-4034)

QUANTO R$ 50

CLASSIFICAÇÃO 18 anos

O jornalista GUSTAVO FIORATTI viajou a convite do Festival de Curitiba

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