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Análise

Adriano Stuart deixa obras marcadas pelo vanguardismo

VISTO COMO UM DIRETOR DESCONTRAÍDO, AO ATUAR, SE TRANSFORMAVA EM CADA UM DOS PERSONAGENS QUE VIVIA EM CENA

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Adriano Stuart nasceu no circo, em 1944, e surgiu como ator mirim na antiga TV Tupi, que aliás era pródiga em lançar talentos infantis. Alguns permaneceram, outros, não. Adriano, filho do comediante Walter Stuart, um dos grandes nomes da emissora nos anos 1950, permaneceu.

Não se tornou comediante, embora dirigir comédias tenha sido uma das formas de se impor, tanto na TV como no cinema. O trabalho na direção lhe dava um prazer partilhado por técnicos e atores: Adriano era visto como um diretor que deixava as pessoas à vontade no set.

Como quase todos os profissionais revelados no início da TV Tupi, Stuart tinha a convicção de que o crescimento da TV num país que não desenvolvera ainda o cinema era problemático.

Não por acaso, sua estreia cinematográfica se deu com "O Sobrado" (1956), de Walter George Durst e Cassiano Gabus Mendes, filme que era quase uma extensão do "TV de Vanguarda" e manifesto do desejo cinematográfico daqueles profissionais.

Adriano ainda era um pré-adolescente. Sua carreira em cinema só vai florescer a partir do episódio que dirige em "Cada um Dá o que Tem" (1975). Depois disso vieram "Os Trapalhões", que dirigiu no cinema e na TV por anos.

Depois disso veio também "Bacalhau" (1976). Não foi seu filme de maior sucesso (Os Trapalhões chegavam a 5 milhões de espectadores), mas essa sátira de "Tubarão" acabou como sua maior realização autoral (e teve quase 1 milhão de espectadores).

Com a decadência do cinema popular, refugiou-se em boa medida na TV, da qual Ugo Giorgetti o resgatou para um papel em "Festa" (1989), que lhe deu o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado daquele ano, dividido com Antonio Abujamra.

O filme significa uma descoberta e dá início, de fato, à carreira de Adriano Stuart como ator. Foi aí que se impôs pela forma como atuava nos papéis mais diversos, como se não atuasse: chegou a um estágio de transparência em que parecia transformar-se no personagem.

Foi assim com Beto Brant ("Os Matadores"), com José Mojica Marins ("Encarnação do Demônio") e, sobretudo, Ugo Giorgetti, que sempre tinha um papel para ele.

Com Stuart desaparece, talvez, o talento mais tardio e um dos mais brilhantes da bela escola da TV Tupi dos anos 1950.

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