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Crítica / Aventura Diálogos superam as cenas de ação em engenhosidade RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA Poucos blockbusters recentes despertaram tanta expectativa quanto "Os Vingadores". Primeiro, pela questão temporal: foram necessários 50 anos para levar os personagens do papel para a tela. Depois, pela aritmética: em vez de um super-herói, temos seis no filme. Por fim, houve toda a complexa estratégia de produção e de marketing para criar "teasers" de "Os Vingadores" dentro da narrativa de outros filmes com os personagens da Marvel, como "Capitão América", "Thor" e "Homem de Ferro". Então, a pergunta fundamental sobre "Os Vingadores" passa a ser: o resultado final consegue corresponder a essa enorme expectativa? Em resumo, a resposta é positiva, e até bastante positiva -mas talvez não pelos motivos mais óbvios. Seria natural esperar que um filme desta magnitude -de orçamento, de tecnologia, de publicidade- tivesse sequências de ação excepcionais. E, no fundo, elas são funcionais, porém genéricas. A sequência final -em que uma guerra entre os super-heróis e seus inimigos quase destrói Nova York- lembra muito a de "Transformers 3", e está muito longe da inventividade dos dois primeiros "Homem-Aranha" e de "Avatar", por exemplo. O diretor Joss Whedon não é um grande artista audiovisual, como Sam Raimi ou James Cameron. Mas ele é um belo roteirista, como já provou na TV ("Buffy: A Caça-Vampiros") e no cinema ("Toy Story"). Em "Os Vingadores", não era nada fácil a tarefa de criar uma história que conjugasse os seis protagonistas, que lhes oferecesse um peso similar e ao menos um momento de brilho, que soubesse delinear suas personalidades. Nesse sentido, o filme foi plenamente bem-sucedido. BRANCA DE NEVE Whedon fez uma espécie de "Branca de Neve e os Sete Anões" dos super-heróis, trabalhando muito bem a característica principal de cada um: Hulk (zangado), Capitão América (quadrado), Homem de Ferro (folgado), Thor (pomposo), o Gavião Arqueiro (romântico)... Nick Fury, o militar que reúne o grupo, seria o mestre; o vilão Loki, a madrasta malvada; e a Viúva Negra, uma sexy Branca de Neve. A graça de "Os Vingadores" não vem dos efeitos especiais nem da batalha entre o bem e o mal, mas dos diálogos travados entre os super-heróis em sua guerra de egos. Ou seja: em pleno 2012, o maior trunfo deste blockbuster é o bom e velho roteiro. E, de quebra, um punhado de atores (com destaque para Robert Downey Jr. e Scarlett Johansson) com timing para a comédia -algo que nem sempre o dinheiro consegue comprar. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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