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Coleção ilumina obra de Ernesto Sabato

Em "O Túnel", de 1948, escritor argentino utiliza trama policial como pano de fundo para questões existenciais

Romance é o 5º título de seleção que reúne 25 livros de renomados autores nas línguas portuguesa e espanhola

DE SÃO PAULO

"Em todo o caso, havia um só túnel, escuro e solitário: o meu...", diz em agonia o protagonista de "O Túnel", o quinto dos 25 volumes da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no próximo domingo.

Estruturado em forma de narrativa policial, o romance do escritor argentino Ernesto Sabato (1911-2011), lançado em 1948, é um drama psicológico de cunho existencialista que se equilibra entre luzes e sombras. Logo de início, o protagonista revela ter cometido um assassinato.

Homem solitário e incompreendido, o artista plástico Juan Pablo Castel confessa ter matado María Iribarne, mulher que parece ser a única a compreender suas obras de arte. Ato que, em vez de libertá-lo de seus fantasmas, o faz mergulhar em desespero.

Castel começa a perder o controle de si ao não conseguir se expressar nem mesmo por meio da pintura, transformando o "túnel" do título em metáfora de seu isolamento.

A obra, responsável por projetar o escritor internacionalmente, é conduzida através da consciência do protagonista, submerso em sua incapacidade de se comunicar e refém da dúvida de ter sido traído por sua amante.

"Enquanto escrevia, muitas vezes me detinha, perplexo, para avaliar o que estava saindo. Ficava intrigado com a importância crescente que iam assumindo o ciúme e o problema da posse física", descreveria o próprio Sabato, anos mais tarde.

Físico, militante político e debatedor de questões sociais, Ernesto Sabato foi um dos mais importantes autores argentinos do século 20.

Com tramas aparentemente simples, é na construção psicológica que seus romances costumam revelar sua complexidade.

Sabato teria, ainda, uma atuação política definitiva após o fim da ditadura militar que vigorou em seu país (1976-83), ao ser convidado para presidir a comissão responsável por investigar o destino dos milhares de desaparecidos durante o regime.

Ao contrário do que previa Castel, haveria, sim, mais um túnel a ser iluminado.

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