Crítica Animação

"Piratas Pirados!" é como um Monty Python de massinha

Na contramão de Holly-wood, que passa por um longo processo de infantilização da média de sua produção, os estúdios de animação têm sido uma garantia de entretenimento de qualidade para crianças e adultos.

Como a americana Pixar, a britânica Aardman cria animações que conjugam criatividade narrativa e excelência técnica. Mas é um trabalho mais artesanal: com bonecos de massinha em "stop motion".

Depois do sucesso da série "Wallace & Gromit" e do longa "A Fuga das Galinhas" (2000), a Aardman agora une o "stop-motion" e a massinha à animação digital e ao 3D em "Piratas Pirados!". O resultado é, mais uma vez, vencedor.

Se em "A Fuga das Galinhas" o estúdio parodiava o subgênero dos filmes de prisão, desta vez a brincadeira é com os filmes de pirata.

Na trama, o fracassado Capitão Pirata (voz de Hugh Grant) sonha roubar um tesouro para ganhar o prêmio de Pirata do Ano, um Oscar dos sete mares, derrotando rivais mais bem-sucedidos.

Na busca pela riqueza e pela glória, recebe a ajuda inesperada de Charles Darwin (David Tennant) e entra em confronto com a rainha Victoria (Imelda Staunton), mas acaba traindo sua tripulação e seu pássaro de estimação.

Como se vê, a Aardman faz um tipo de humor delirante e sarcástico -uma espécie de Monty Python de massinha. E, em "Piratas Pirados!", eles se mostram em plena forma, criando frases de efeito e gags visuais bem inspiradas.

Um humor delirante, mas não inconsequente. Há sempre um tanto de crítica social por trás das piadas.

Ao mesmo tempo em que parodia um gênero, "Piratas Pirados!" ironiza a busca pela fama e a indústria da celebridade, que Hollywood simboliza hoje como talvez nenhuma outra instituição.