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Opinião

Escolha por "profissional da casa" revela postura provinciana

PRESENÇA ESTRANGEIRA EM MUSEUS DO BRASIL É NULA

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

A escolha de Valéria Piccoli como curadora-chefe da Pinacoteca do Estado representa uma opção um tanto provinciana por parte do conselho que administra o museu.

Não se trata aqui de questionar a competência de Piccoli, que, entre outras atividades, coordenou o projeto bem-sucedido de reinstalação da mostra do acervo "Arte no Brasil: Uma História na Pinacoteca de São Paulo", em 2011, agora em cartaz.

Como museu mais importante do país -pela dinâmica que alcançou, especialmente na gestão de Marcelo Araújo, criando vínculos com instituições de ponta em todo mundo-, era o momento de a Pinacoteca dar um passo mais arrojado.

Museus importantes disputam para seus quadros os principais curadores independentes do mundo.

O museu espanhol Reina Sofia, por exemplo, sob a direção de Manuel Borja-Villel, substituiu a australiana Lynne Cooke, com extensa carreira internacional, pelo português João Fernandes. Segundo Villel, foi uma decisão política, para priorizar a instituição nas relações com países ibero-americanos.

Aqui no Brasil, por mais que o país ganhe relevância internacional, a abertura a estrangeiros nas instituições de arte é praticamente nula.

A Bienal de São Paulo só teve um curador estrangeiro em sua 25ª edição, em 2002, ao contrário da Bienal de Veneza que, em 1980, com o suíço Harald Szeemann e o italiano Achille Bonito Oliva, repensou sua forma expositiva.

Aliás, o próprio Szeemann, em 1972, foi o responsável pela histórica 5ª edição da Documenta de Kassel, na Alemanha, criando uma mostra até hoje referencial entre aquelas de grande porte.

O circuito brasileiro poderia se abrir para este tipo de oxigenação. E uma instituição com a importância da Pinacoteca poderia inaugurar uma nova fase se optasse por essa abertura.

Ao valorizar quadros internos, por um lado, demonstra respeito por "profissionais da casa", o que não é política comum na história das instituições. Por outro lado, não acompanha a projeção internacional crescente que o museu alcançou.

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