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Coleção captura a imaginação inquieta da poesia de Neruda

"Navegações e Regressos" traz, no próximo domingo, as "raízes dos sonhos" do chileno em livro inédito no Brasil

Volume é o nono título de seleção que reúne 25 aclamados autores que redefiniram a prosa e o verso ibero-americanos

DE SÃO PAULO

"Navegações e Regressos" não seria um livro qualquer na trajetória de seu autor. Personalista e universal, a coletânea escrita em 1959 talvez mostre um daqueles momentos em que a poesia acaba por testemunhar a consagração e a plenitude de seu poeta.

Ainda inédita no Brasil, a obra é o nono volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana e chega às bancas no próximo domingo.

Tão disposto a explorar o mundo (com as "navegações") quanto a voltar-se para dentro de si (com os "regressos"), Pablo Neruda (1904-73) cantou em seus versos o Chile, as melancias, sua casa, o mito de Lênin e os elefantes.

"Venho do mar, de todos os idiomas", escreve ele. "Recolhi pensamentos, pedras, flores." A infinitude lírica do mar -e das esperanças em cada uma das ondas- parece se desprender das poesias.

Neste seu último livro de "odes elementares", sua disposição em perceber a beleza escondida em todas as coisas prova não ter limites: "A mesa fiel/ sustenta/ sono e vida,/ titânico quadrúpede".

Mas o destino de seus "regressos" se mostra um só: a "terra de cintura fina" que ele declama sem pudores. "Nas águas do mar do Chile/Vêm minha desesperação e minha esperança", revela o poeta.

Nesta que é a primeira tradução do livro para o português, realizada por José Rubens Siqueira, sua poesia se verte em sentimentos mais radicalmente próximos do imaginário do leitor brasileiro.

SENHOR DA INQUIETUDE

Tornando-se um dos mais renomados poetas do século 20, Pablo Neruda versificou as flores, o amor e as utopias.

Melhor biógrafo de si mesmo, o chileno transfigurou em seus poemas as raízes de seus sonhos. Fez da poesia, território em que imaginação e realidade se misturam, seu jeito de reafirmar grande parte das inquietudes políticas e sociais que o afligiam.

E se um poeta não deve se desvencilhar do lugar onde viveu -e parte da vida do Nobel de Literatura de 1971 se fez de navegações e regressos-, seus versos buscaram viajar sem que fosse preciso deixar a amada Valparaíso e apartar-se de seus instintos.

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