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Além do rótulo

Antes classificada como 'world music', música pop da África ganha cara própria e firma-se em festivais e nas pistas da Europa e dos EUA

Divulgação
A dupla malinesa Amadou (ele, à dir.) e Mariam
A dupla malinesa Amadou (ele, à dir.) e Mariam

ADRIANA FERREIRA SILVA
DE SÃO PAULO

A produção pop africana se livrou do famigerado rótulo de "world music", que desde os anos 80 colou em qualquer artista que não fosse europeu ou norte-americano.

Artistas como o grupo tuaregue Tinariwen, o produtor sul-africano Spoek Mathambo e a dupla malinesa Amadou e Mariam, por exemplo, destacam-se em festivais como Coachella e Lollapalooza e no circuito internacional de shows, já não mais confinados ao palco destinado à "música do mundo".

Além disso, a cena eletrônica africana está ditando o ritmo das pistas de dança, com estilos como kuduro (Angola), kwaito (África do Sul) e soukos (Congo) presentes na discotecagem de DJs da Europa e dos Estados Unidos.

As razões do sucesso são inúmeras: a difusão da internet, que facilitou tanto a criação quanto a divulgação e o acesso ao que é produzido na África; as recentes fusões de ritmos tradicionais com hip-hop, blues e rock; e a curiosidade global por novidades em todas as áreas da cultura.

"Até os anos 2000, os artistas africanos estavam trabalhando e produzindo na Europa ou nos Estados Unidos, porque era onde estavam os estúdios e o público", conta o pianista e compositor congolês Ray Lema, 66, que vive em Paris desde os anos 80.

"Com o dinheiro que ganhamos, montamos estúdios na África e, desde 2002, a produção é feita lá", completa.

Amadou Bagayoko, 57, da dupla Amadou e Mariam, relembra situação parecida.

"Quando eu era jovem, ouvíamos os artistas do Mali, mas os discos vinham do exterior, pois não havia estúdios em Bamaco [capital do país]."

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