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Fusão com rock e tecno propagou o pop africano

Mistura de referências deu fôlego aos malineses Amadou e Mariam

Ao lado de nomes como Fatoumata Diawara, dupla está no festival Back2Black, que tem início hoje em Londres

DE SÃO PAULO

A ausência de estúdios profissionais em vários países da África até o início dos anos 2000 acabou por influenciar o estilo de artistas de lá.

"Esse foi um dos motivos pelo qual começamos a fazer as fusões entre a música tradicional com rock e blues, que era o que tínhamos na vitrola", diz o malinês Amadou.

"Mas, no exterior, mesmo com essas referências, a música africana continuava sob a etiqueta de 'world'. Tivemos de derrubar essa barreira para destacar a importância do blues e do rock para nós."

Depois disso, continua Amadou, "as trocas com os artistas e a cena do Ocidente ficaram mais frequentes".

Amadou, em sua parceria com a mulher, a cantora Mariam Doumbia, ambos cegos, faz um "afro blues", ou seja, blues com referências de sons e instrumentos locais.

A singularidade da dupla atraiu parceiros como Damon Albarn (dos grupos Blur e Gorilazz), que produziu o disco "Welcome to Mali" (2008), a cantora Santigold e o rapper Theophilus London, entre outros, que participam do CD mais recente do casal, "Folila" (2012), gravado em Nova York, Bamaco e Paris.

Amadou e Mariam, que já fizeram turnês com as bandas U2 e Coldplay, se apresentam neste fim de semana na primeira versão internacional do festival brasileiro Back2Black, em Londres.

A dupla vai integrar também a quarta edição da festa no Rio, em agosto.

Outra artista já listada entre as atrações que participarão do Back2Black no Brasil é a cantora malinesa Fatoumata Diawara. Fatou (como é chamada), 30, é da geração para a qual fusões, estúdios e internet são algo natural.

"Somos abertos a novas referências, mas, ao mesmo tempo, mantemos as raízes", diz Fatou, que define sua sonoridade como "malinesa com um toque diferente, que pode ser jazz, pode ser soul".

O antropólogo Hermano Vianna, entusiasta do rap africano, destaca a "diversidade radical" da música do continente, cuja "potência antropofágica mistura várias tradições via Pro Tools e outros softwares semelhantes".

De fato, a facilidade para gravar e distribuir músicas na África neste século fomentou também uma cena de música eletrônica e rap feitos nos subúrbios de cidades do Senegal, da África do Sul, de Angola ou do Congo.

A mescla de ritmos locais com house, tecno e disco music resulta em estilos como kwaito e kuduro. As faixas são criadas nestes estúdios e se espalham por meio da internet ou de telefones celulares.

(ADRIANA FERREIRA SILVA)

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