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Televisão

Novela de época da Globo tem trilha sonora moderna

Tema de abertura de "Lado a Lado" é samba-enredo de agremiação carioca

Nova classe C brasileira influencia as escolhas musicais da emissora, segundo o diretor Mariozinho Rocha

João Cotta/TV Globo/Divulgação
Camila Pitanga é Isabel,e Lázaro Ramos, Zé Maria,em "Lado a Lado"
Camila Pitanga é Isabel,e Lázaro Ramos, Zé Maria,em "Lado a Lado"

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Produção de época, ambientada em 1903, "Lado a Lado", nova novela das 18h da Globo, estreia amanhã e aposta forte no samba.

O ritmo vai ter ainda um núcleo próprio para contar a história da migração do samba da Bahia para o Rio.

Mas, entre as canções do gênero, interpretadas por nomes populares, como Martinho da Vila, Gal Costa, Diogo Nogueira e Mart'nália, o novo folhetim também vai apresentar uma seleção de artistas mais alternativos.

"Há duas vertentes para se criar a trilha de uma novela de época: ou partir para o realismo histórico, com modinhas e valsas, o que ficaria bem chato, ou esquecer completamente esse caminho", afirma Mariozinho Rocha, diretor musical da Globo.

Faz parte da lista "moderninha" de "Lado a Lado" o misto de eletrônico com batucada "Olhos Castanhos", de Daniel Peixoto (ex-Montage) e George M, um pedido do autor João Ximenes Braga.

"Quarto de Dormir", do paulistano Marcelo Jeneci, e "Inferno", do grupo Nação Zumbi, também aparecem no setlist, que ainda conta com canções de Los Hermanos e Marcelo D2.

"A novela é de época, mas os assuntos são atuais. A linguagem é natural e achamos que ficaria mais interessante criar uma trilha moderna", justifica Dennis Carvalho, diretor de núcleo da trama.

LIBERDADE

Uma surpresa é a presença de "Liberdade, Liberdade! Abre as Asas sobre Nós", samba-enredo de 1989, da escola de samba Imperatriz

Leopoldinense, como tema de abertura do folhetim.

"Foi ideia do Dennis Carvalho e abraçamos logo de cara. É a primeira vez que um samba-enredo é tema de abertura de uma novela da Globo", conta Braga.

Completando a lista de raridades, a música "Isto É Bom", de Xisto Bahia (1841-1894), presente no primeiro disco gravado no Brasil, em 1902, ganha releitura de Mariene de Castro.

"Não conhecia o trabalho dessa cantora, mas a música era perfeita para a novela", diz Rocha.

Segundo o diretor musical, foi uma "feliz coincidência" a nova novela das 18h e a atual das 19h da Globo, "Cheias de Charme", contarem com a presença de novos artistas brasileiros.

"Não há nenhuma preocupação especial com isso. Música é como figurino, precisa vestir o personagem."

CLASSE C

Mariozinho Rocha, no entanto, confirma que a chamada nova classe C brasileira influencia a trilha sonora das produções do canal.

"Se formos ver o que toca nas rádios, quais são os discos que essas pessoas compram nas lojas, não será Tom Jobim nem Villa-Lobos", afirma.

(ALBERTO PEREIRA JR.)

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