CRÍTICA DRAMA

Velhice ganha retrato cheio de altos e baixos

Pode-se dividir "Late Bloomers - O Amor Não Tem Fim" em duas partes.

Numa delas, é um filme sobre o "problema da velhice". O filme erige um assunto razoavelmente atual e opera uma espécie de scanner mercadológico: as casas de repouso, a relação com descendentes e cônjuges, os sintomas do envelhecer e as tentativas de negá-los, o medo etc.

Na outra, a diretora Julie Gavras introduz certas notações sobre o humano que ultrapassam a pauta proposta.

Em poucas palavras, Adam é um arquiteto craque na construção de aeroportos que vive uma crise conjugal com Mary, professora aposentada.

Mary sofre com a perda de memória, o medo de Alzheimer. Já Adam rejeita a encomenda para construir uma casa de repouso e empenha seu entusiasmo no projeto de um museu.

No casal há um evidente descompasso: o homem refloresce com o projeto, enquanto a mulher fica um tanto perdida, com sua mania de adequar-se à nova idade.

O filme tenderia ao aborrecido, não fosse a capacidade de plantar expectativas e de aproveitar os quiproquós criados pelo roteiro. É matéria em que a diretora se mostrou competente desde seu "A Culpa É do Fidel" (2006).

Se este novo filme não chega a confirmar de todo as esperanças lançadas pelo primeiro longa da diretora, não existe razão para desespero.

Por um lado, tendo abordado a infância, assumiu o risco de buscar questões em outra parte. Por outro, tendo partido de uma produção pequena, assumiu os constrangimentos de uma produção maior, em troca do belo elenco (William Hurt, Isabella Rossellini à frente).

Com tudo isso, chega a um resultado de altos e baixos.

LATE BLOOMERS

DIREÇÃO Julie Gavras

PRODUÇÃO França, 2011

COM William Hurt, Isabella Rossellini

ONDE Frei Caneca Unibanco Arteplex, Reserva Cultural e circuito

CLASSIFICAÇÃO 12 anos

AVALIAÇÃO regular