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Irmãos Dardenne se libertam do pessimismo e se renovam
DO CRÍTICO DA FOLHA
O cinema de preocupação social praticado por Luc e Jean-Pierre Dardenne se fortaleceu a partir da combinação de uma estética (a câmera na mão colada aos corpos e aflições dos personagens) a uma ética (o que fazer dos valores em tempos de crise?).
Consagrada, a proposta foi mimetizada e diluída -e corria o risco de perder vigor.
Com "O Garoto da Bicicleta", elaboram uma transição fiel aos princípios que lhes deram respeitabilidade e que permite liberá-los da estabilidade convertida em fórmula.
A relação entre um garoto abandonado e uma cabeleireira de coração mole não decorre de vínculo materno. Começa num esbarrão e prossegue aos trancos e barrancos.
Como "O Garoto", de Chaplin, Cyril desperta uma montanha de bons sentimentos. Sua raiva, contudo, o mantém imune ao olhar paternalista.
Em vez de manipular as emoções para fortalecer um discurso, os Dardenne preferem oferecer opções que dão concretude a princípios abstratos como respeito e responsabilidade. Desse modo, o menino descobre que os outros não são apenas muros contra os quais ele colide.
Em seu desespero, compreende a necessidade de fazer escolhas e torna-se protagonista de uma fábula moral.
Ao demonstrar esse processo como aprendizado, o cinema dos Dardenne se liberta do pessimismo que o identificava e se renova sem perder a confiança em seus objetivos.
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