Diário de Los Angeles

Casa dos sonhos

"ELES SEMPRE FAZIAM aqui um grande café da manhã", recorda Eames Demetrios, apontando para um enorme gramado cercado de eucaliptos, à frente de uma casa no alto de um morro, com vista para o oceano Pacífico. "Sabe, era a casa dos meus avós. A gente brincava muito aqui."

Hoje, não tem mais corre-corre na Eames House, uma estrutura de aço e vidro escondida no abastado bairro de Pacific Palisades.

A casa, patrimônio histórico dos Estados Unidos, foi construída nos anos 40 pelo casal pioneiro do design Charles e Ray Eames. Os dois fizeram dela a sua "casa dos sonhos" e por lá moraram até morrer (ele em 1978, ela em 1988).

O espaço, feito de forma minimalista e com materiais pré-fabricados, virou um marco da arquitetura modernista.

Demetrios tinha 16 anos quando o avô faleceu. Atualmente cuida da Fundação Eames, responsável pela residência, aberta a turistas com agendamento (eamesfoundation.org). Não é possível perambular pelo espaço de 140 m2, apenas olhar por fora e passear pelos arredores.

Por estes dias, uma árvore de Natal ainda estava montada no centro da sala -a mesma usada pelo casal ao se mudar pela primeira vez, na véspera do feriado de 1949. Uma foto da época, em preto e branco, mostra Ray na contraluz, mexendo nos penduricalhos natalinos.

"Trazíamos para cá móveis em que estávamos trabalhando para observá-los. No escritório, tudo parecia fora de proporção", diz a designer em um dos doze painéis espalhados pelo jardim, que conta com um balanço e uma cadeirinha de metal na forma de elefante.

CENTENÁRIO DE RAY

A decoração original da sala, como a grande estante de madeira e as famosas cadeiras desenhadas pelo casal, foi transportada para o museu Lacma numa iniciativa inédita, como parte da exposição "California Design, 1930-1965", em cartaz até 25 de março.

Com isso, a fundação aproveita para recriar na sala da casas ambientes registrados em fotos, como o do Natal, e organiza eventos para lembrar o centenário da californiana Ray, em 15 de dezembro.

Em 10 de março, haverá uma cerimônia do chá, como a qual realizada em 1951 com Charlie Chaplin (1889 -1977). O ingresso custa US$ 5.000 (cerca de R$ 9.000) e será revertido para um fundo de restauração. Outra oportunidade será no 18 de março, numa Festa do Jardim, com entrada a US$ 500.

"Aprendi com os dois que, para ser um bom anfitrião, você precisa antecipar as necessidades do convidado. É uma coisa que ele repetia muito, mas não para nós. A gente vivia isso no dia a dia", diz Demetrios, que costuma se hospedar na Eames House de vez em quando. Veja um vídeo e fotos da casa em folha.com/no1033086.

RESTAURANT WEEK

Entre as mais de 300 casas participantes da quinta edição do DineLA, um "restaurante week" angeleno, estão cinco selecionadas neste mês pela "Los Angeles Magazine" para sua lista dos dez melhores novos restaurantes locais.

Picca é um deles, com uma cozinha que mistura referências do Japão e Peru, num ambiente ao som de jazz latino. Ray's, perto do museu Lacma, oferece comida mediterrânea com ingredientes orgânicos, enquanto The Spice Table traz sabores do sul da Ásia. Os outros dois são Mezze (mediterrânea) e Sotto (sul da Itália).

O DineLA acontece entre 22 e 27 deste mês e, depois, do dia 29 até 3 de fevereiro. Refeições com três pratos variam de US$ 16 a US$ 44. A lista dos participantes está no site discoverlosangeles.com/restaurantweekv2

Os outros cinco escolhidos pela revista são: Ink. (de um ganhador do programa "Top Chef"), The Royce (no hotel Langham em Pasadena), Red Medicine, Son of a Gun e M.B. Post.

O FRANGO DE LIZ TAYLOR

Para quem não tem planos de vir a Los Angeles, um jeito de conhecer a cozinha das estrelas é com o livro "Dead Celebrity Cookbook" [ed. HCI, 384 págs., US$ 13], que reúne mais de 145 receitas de celebridades. Há detalhes de como fazer o cordeiro assado de Frank Sinatra (1915-98) e o frango com abacate e cogumelos de Elizabeth Taylor (1932-2011).

O autor da compilação, o radialista e escritor Frank DeCaro, um obcecado por comida e famosos, dá seu veredicto sobre alguns pratos, nem todos perfeitos. A torta de batatas doces de Michael Jackson é considerada estupenda, "apesar de feita com batatas enlatadas", enquanto a quiche lorraine de Alfred Hitchcock é meio sem graça. "Vai pouco queijo", diz.