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MERCADO VOLTA À REALIDADE
Segmento econômico deve salvar mercado em 2009
Foco dos incorporadores passa a ser imóveis que custem até R$ 200 mil
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de todo o barulho que
a indústria da construção tem
feito, os números do setor não
se mostram tão alarmantes.
Mesmo com os meses de crise econômica mundial, o desempenho de vendas médio no
ano passado foi inferior ao de
2007, mas superior ao de 2006.
O dado é do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário), que
calcula a relação entre vendas
realizadas e total de lançamentos à venda na cidade.
Essa relação foi de 13,8% por
mês em 2008, de 16,2% em
2007 e de 12,1% em 2006.
Dentre os segmentos, o de alto padrão e classe média alta e o
econômico se mantêm nos extremos quanto às perspectivas.
O cenário de terrenos inflacionados e a demanda reprimida de um público com alto potencial de consumo levaram,
em 2006, as empresas do setor
a aumentar seus investimentos
em imóveis no segmento da
classe média alta.
O número de lançamentos de
mais de R$ 500 mil quase duplicou do segundo semestre de
2005 -2.356 unidades- para o
segundo semestre de 2006
-4.399 unidades (confira dados no quadro).
No cenário recente de crise, a
abundante oferta dessa fatia de
mercado foi a que sentiu de maneira mais forte a retração.
"Produtos de alto padrão, depois de setembro, tiveram redução nos lançamentos e nas
vendas", declara Odair Senra,
vice-presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de
São Paulo).
"A classe média alta tinha
uma concentração muito grande de oferta. Essa demanda se
retraiu e agora é um público
que ainda tenta reconhecer o
momento", acrescenta a professora Eliane Monetti, do Núcleo de Real Estate da Escola
Politécnica da USP.
Visão de futuro
Aposta do setor em 2008, o
segmento econômico, de imóveis de até R$ 200 mil, chegou a
recordes de unidades lançadas
em 2007 e deve salvar os números em 2009.
"O segmento de baixa renda
não tem um problema de demanda. São empresas que não
tiveram grande alteração, precisam pura e simplesmente que
o público tenha acesso ao financiamento", afirma Monetti.
"É um segmento que por
muito tempo ficou sem capacidade de comprar a casa própria.
Mesmo com a retração e com o
medo do desemprego, a gente
percebe que não mexeu em nada nos lançamentos", crava.
"Entre os econômicos, todos
os produtos foram vendidos
[desde setembro]", reitera Sen-ra. A grande questão para esse
nicho está no financiamento,
bancado, em grande parte, pela
Caixa Econômica Federal, que
mantém as mesmas linhas e bateu recordes de contratação em
dezembro de 2008.
Perspectiva
No entanto, espera-se que os
números de lançamentos daqui
em diante sejam menores, como reflexo do choque ocorrido
em setembro.
"Eu não tenho dúvida de que
a redução vai existir, porque
você tem o período de maturação dos empreendimentos, que
é de no mínimo 90 dias. Existe
uma inércia, e os lançamentos
continuaram a ser feitos, mas,
para 2009, a perspectiva é menor", prevê Senra.
(CRISTIANE CAPUCHINHO)
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