São Paulo, domingo, 01 de março de 2009

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MERCADO VOLTA À REALIDADE

Segmento econômico deve salvar mercado em 2009

Foco dos incorporadores passa a ser imóveis que custem até R$ 200 mil
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de todo o barulho que a indústria da construção tem feito, os números do setor não se mostram tão alarmantes.
Mesmo com os meses de crise econômica mundial, o desempenho de vendas médio no ano passado foi inferior ao de 2007, mas superior ao de 2006.
O dado é do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário), que calcula a relação entre vendas realizadas e total de lançamentos à venda na cidade.
Essa relação foi de 13,8% por mês em 2008, de 16,2% em 2007 e de 12,1% em 2006.
Dentre os segmentos, o de alto padrão e classe média alta e o econômico se mantêm nos extremos quanto às perspectivas.
O cenário de terrenos inflacionados e a demanda reprimida de um público com alto potencial de consumo levaram, em 2006, as empresas do setor a aumentar seus investimentos em imóveis no segmento da classe média alta.
O número de lançamentos de mais de R$ 500 mil quase duplicou do segundo semestre de 2005 -2.356 unidades- para o segundo semestre de 2006 -4.399 unidades (confira dados no quadro).
No cenário recente de crise, a abundante oferta dessa fatia de mercado foi a que sentiu de maneira mais forte a retração.
"Produtos de alto padrão, depois de setembro, tiveram redução nos lançamentos e nas vendas", declara Odair Senra, vice-presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).
"A classe média alta tinha uma concentração muito grande de oferta. Essa demanda se retraiu e agora é um público que ainda tenta reconhecer o momento", acrescenta a professora Eliane Monetti, do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP.

Visão de futuro
Aposta do setor em 2008, o segmento econômico, de imóveis de até R$ 200 mil, chegou a recordes de unidades lançadas em 2007 e deve salvar os números em 2009.
"O segmento de baixa renda não tem um problema de demanda. São empresas que não tiveram grande alteração, precisam pura e simplesmente que o público tenha acesso ao financiamento", afirma Monetti.
"É um segmento que por muito tempo ficou sem capacidade de comprar a casa própria. Mesmo com a retração e com o medo do desemprego, a gente percebe que não mexeu em nada nos lançamentos", crava.
"Entre os econômicos, todos os produtos foram vendidos [desde setembro]", reitera Sen-ra. A grande questão para esse nicho está no financiamento, bancado, em grande parte, pela Caixa Econômica Federal, que mantém as mesmas linhas e bateu recordes de contratação em dezembro de 2008.

Perspectiva
No entanto, espera-se que os números de lançamentos daqui em diante sejam menores, como reflexo do choque ocorrido em setembro.
"Eu não tenho dúvida de que a redução vai existir, porque você tem o período de maturação dos empreendimentos, que é de no mínimo 90 dias. Existe uma inércia, e os lançamentos continuaram a ser feitos, mas, para 2009, a perspectiva é menor", prevê Senra.
(CRISTIANE CAPUCHINHO)


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