São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

Próximo Texto | Índice

COMPACTO

Apartamentos de 100 m2 a 150 m2 valem de R$ 220 mil a R$ 530 mil em bairros como Moema e Perdizes

Quatro-quartos fica menor e mais barato

Fernando Moraes/Folha Imagem
Elisabete Fernandes trocará o três-quartos "pequeno" pelo quatro-quartos com "home theater"


EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Mais quartos, menos espaço. A área útil dos apartamentos de quatro dormitórios encolheu 14,97% de 1999 a 2003, segundo números do Datafolha, que analisou a média dos lançamentos desse tipo de imóvel na capital.
A boa notícia é que o preço do metro quadrado também diminuiu, mas em menor proporção (7,87%) -de R$ 3.633 para R$ 3.347. "O valor não está só relacionado ao tamanho", explica Ely Wertheim, 45, vice-presidente imobiliário do Sinduscon-SP (sindicato de construtoras). "O padrão de acabamento é o mesmo, a infra-estrutura de tecnologia encarece empreendimentos, e o preço de terrenos subiu muito."
Uma pesquisa da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações confirma a tendência de compactação e mostra que desde 1999 multiplicaram-se no mercado imobiliário os quatro-quartos com menos de 130 m2 -de 196 unidades passaram a 1.362 em 2003.

Bairros nobres
"Os quatro-dormitórios compactos, na faixa de 110 m2 ou 120 m2, surgem em bairros nobres, como Moema e Perdizes, e focam um público que tem menos dinheiro disponível", afirma o consultor João Freire d'Avila Neto.
Luiz Fernando Ribeiro, 38, superintendente comercial da incorporadora Via Empreendimentos Imobiliários, diz que é possível encontrar esse tipo de imóvel com preços de R$ 220 mil (100 m2) a R$ 530 mil (150 m2). "É uma adequação de custo à área de que uma família de classe média alta precisa", diagnostica Leonardo Diniz, 38, diretor da incorporadora e construtora Rossi.
As proporções são reduzidas, segundo Ribeiro. "Houve diminuição de cerca de 20 centímetros do comprimento das paredes, mas os armários têm profundidade menor", diz Wertheim.

Sala maior
Além de satisfazer à necessidade de um maior número de cômodos, o quatro-dormitórios cativa o comprador também por outro motivo -o status. "É um produto desejado por qualquer um", caracteriza Odair Senra, 57, diretor de incorporações da Gafisa.
Alguns procuram não apenas mais quartos mas também uma sala maior. Segundo Gerson Luiz Bendilati, 46, diretor comercial da Tecnisa, "90% dos compradores "abrem" o quarto dormitório contíguo à sala para ganhar espaço."
Por isso as incorporadoras oferecem diferentes opções de planta, que permitem, por exemplo, a transformação de um quatro-quartos original em uma unidade com três suítes e sala ampliada.

Mudanças
A família da dona-de-casa Elisabete Fernandes, 37, que comprou um quatro-dormitórios de 126 m2 no Jardim Anália Franco (zona leste), ganhará um "home theater". "Meu marido não gosta de TV na sala. Cada filho terá uma suíte. Pensávamos que o preço seria exorbitante, mas foi acessível."
Para o engenheiro Antonio do Canto Mamede, 49, o quarto dormitório tornou-se um misto de escritório com cômodo para hóspedes. "No outro apartamento, de três quartos, o computador ficava no meio da sala." Mas ele ainda não está satisfeito com seu apartamento atual, de 105 m2. "Vou trocá-lo por outro, também de quatro quartos, mas com 150 m2, varanda e churrasqueira. Esse sim será o imóvel dos sonhos."


Próximo Texto: Condomínio: Convênio financia impermeabilização
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.