São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Para preservar aquífero, moradores de cinco bairros travam duelo com o setor imobiliário

Santo Amaro "pede água" com criatividade

DA REPORTAGEM LOCAL

No distrito de Santo Amaro, os problemas são muitos. Em bairros como Jardim Petrópolis e Jardim dos Estados, Chácara Flora, Alto da Boa Vista e parte da Chácara Santo Antonio, a luta é para manter o zoneamento estritamente residencial (Z1).
Os bairros estão situados sobre um aquífero (reserva subterrânea de água). Para Cristina Antunes, 54, diretora da Sajape Jardins Petrópolis e dos Estados, esse é um bom argumento: "Não se trata de olhar para o próprio umbigo, mas de preservar água para todos".
Já para o diretor do Secovi-SP (sindicato dos construtores) Cláudio Bernardes, é uma questão de "democratizar o espaço". Para ele, é preciso encontrar uma solução inteligente. "Poderiam deixar levantar uma torre no meio da área verde preservada, ou então desapropriar de uma vez."

Propostas e soluções
A Sajape já luta pela inclusão de recomendação da Sehab (Secretaria Municipal da Habitação), dentro do projeto de lei municipal sobre vilas, de que pelo menos 30% do solo seja mantido permeável.
Mas Johann Joerges, 64, presidente da Sociedade Amigos do Alto da Boa Vista, denuncia que os incorporadores, para fugirem da responsabilidade de preservação do verde, "têm disfarçado a devastação com vegetação rala".
Mônica Joseph, presidente interina da associação da Granja Julieta, afirma que a proposta para o bairro é criar bolsões residenciais, fechando ruas ao trânsito de passagem, que também incomoda os moradores da Chácara Flora, revela o presidente da en- tidade, Ricardo Neudinj, 51.
Já a professora Jacy Ghirotti, 52, moradora do Alto da Boa Vista, diz que "a vizinhança Z1 do comércio da rua São Benedito têm virado estacionamento".
A queixa de Regina Monteiro, do Movimento Defenda São Paulo, é quanto aos camelôs no largo Treze de Maio. "O Plano Regional tem de recuperar o eixo cultural do centro de Santo Amaro."
Contra os problemas, as entidades apontam com novas idéias. A Sajape, por exemplo, propõe parceria entre Polícia Militar e zeladores de rua, que formariam uma cooperativa, com treinamento e aparelhos radiotransmissores ligados diretamente com a PM.
A Sajape também organiza caminhadas pelo bairro. Em muitas delas, a meta é recolher placas irregulares em árvores e postes para depois entregá-las à subprefeitura, responsável por lavrar as multas pela propaganda ilegal. (NATHALIA BARBOZA)


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