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ZONEAMENTO EM SP
Ainda neste semestre pode cair a lei que exige 16 metros de frente para construções verticais
Câmara vota retorno dos predinhos
ANA CRISTINA KAUFFMAN
free-lance para a Folha
Uma alteração na Lei de Zoneamento, em vigor desde 1972, pretende aumentar a área de atuação
de pequenas e médias construtoras na cidade de São Paulo.
O Projeto de Lei 0580/99, de autoria da vereadora Myryan Athie
(PMDB), permite a construção de
prédios residenciais em lotes com
menos de 16 metros de frente.
A aprovação deve acontecer
ainda neste semestre. Segundo a
legislação atual, nas chamadas Z2
(áreas de uso misto, tanto residencial como comercial), edifícios só podem ser construídos em
lotes de, no mínimo, 16 metros.
O problema é que o padrão de
loteamento da cidade de São Paulo em Z2 -que corresponde a
quase 70% da área total do município- é de lotes com frente de 10
metros, 12 metros e 15 metros.
Com isso, as medidas exigidas
para a construção dos edifícios ultrapassam o tamanho padrão dos
lotes, obrigando as construtoras a
adquirirem duas unidades de terreno para se adequarem à lei.
Essa determinação restringe a
ação das pequenas e médias construtoras. É que, com esse custo,
apenas as grandes construtoras
entram no páreo. E elas, em geral,
optam por outro padrão arquitetônico, com grandes blocos e um
maior número de apartamentos.
Verticalização controlada
"A legislação inviabilizou uma
tipologia arquitetônica que permitiria uma verticalização controlada da cidade de São Paulo",
diz Eduardo Della Manna, diretor
da vice-presidência de legislação
urbana do Secovi (sindicato das
construtoras e imobiliárias).
Para Della Manna, os prédios
menores, de três ou quatro andares, têm duas vantagens: apresentam custo inferior ao dos prédios
convencionais (60% mais baixo) e
podem ocupar espaços que hoje
são destinados a construções que
fogem do estilo do bairro.
A opinião é compartilhada por
Luiz Antônio Pompéia, presidente da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio):
"O projeto vai viabilizar a construção nos terrenos "micados" que
existem na cidade".
Ele afirma que espaços hoje
ocupados por borracharias, oficinas e pequenas casas antigas, que
não encontram compradores,
poderão converter-se em locais
propícios para essas construções.
A maior contribuição dessa alteração do zoneamento é a flexibilidade no padrão de construção,
segundo Márcio Chede, diretor
da Chede Construções e Empreendimentos, uma das pequenas construtoras do mercado.
"A exemplo do que ocorre na
Barra da Tijuca (bairro da zona
sul do Rio), poderemos construir,
inclusive, prédios de alto padrão."
O diretor da Chede diz aindaque, com a aprovação, lotes que
hoje são deixados de lado pelas
grandes construtoras experimentarão uma relativa valorização.
"A aprovação do projeto vai trazer enormes ganhos para o pequeno construtor. Se hoje uma
construtora pequena consegue
fazer apenas um prédio por ano,
com a nova lei será possível construir quatro, cinco predinhos."
Parecer favorável
O projeto teve entrada na Câmara Municipal de São Paulo em
novembro de 1999 e já obteve o
parecer favorável da Comissão de
Constituição e Justiça.
A vereadora Myryam Athie está
otimista quanto à aprovação da
proposta. Segundo ela, o projeto
poderá devolver a vários bairros
da cidade sua antiga vocação.
"Avenidas como a Celso Garcia
(que liga o centro da cidade de
São Paulo à zona leste, que, no
passado, era um corredor residencial) poderão voltar a ter seus
espaços ocupados por casas."
Antes de ser votado na Câmara,
o projeto precisa ser aprovado na
Comissão de Política Urbana -a
votação deve acontecer ainda neste mês- e na Comissão de Finanças e Orçamento.
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