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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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Pesquisa revela que a classe média ainda sonha com a casa própria, apesar das dificuldades de crédito

Primeiro imóvel

Fernando Moraes/Folha Imagem
A apresentadora Daniela Freitas quer comprar seu apartamento "para dar um toque pessoal na decoração'


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A compra do primeiro imóvel ainda é um dos principais anseios da classe média, revela pesquisa da InterScience. Foram ouvidas, em maio, 2.100 pessoas de 20 a 60 anos de idade, com renda entre R$ 1.500 e R$ 4.500, em São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.
Dos 35% que querem adquirir o primeiro imóvel -um mercado potencial de 260 mil compradores-, o principal motivo (41%) é realizar o sonho da casa própria. Outros 32% encaram como uma forma de investimento para deixar de pagar aluguel (20%) ou de garantia material futura (12%).
"O aluguel é considerado uma poupança negativa, um capital jogado fora", diz José Augusto Viana Neto, 52, presidente do Creci (conselho de corretores). Foi justamente esse o raciocínio da vendedora Maria Cícera Santos, 24. "Entre financiar e pagar aluguel, preferi a primeira opção."
Mas especialistas alertam que o aluguel nem sempre é a pior escolha. "Hoje, a remuneração do capital é excelente [cerca de 0,9% ao mês na caderneta de poupança] e desincentiva investir na compra de um imóvel", analisa o economista José Dutra Sobrinho, 64. "Além disso, é possível encontrar locações com preços defasados."

Financiamento
Segundo a InterScience, 70% dos compradores do primeiro imóvel optariam pelo financiamento bancário, e a média de tempo de parcelamento ideal seria a de 11 anos e 5 meses.
No entanto, as instituições financeiras limitam o crédito. A CEF (Caixa Econômica Federal), maior agente financeiro do país, estabelece tetos de financiamento de R$ 44 mil para imóveis usados e de R$ 64 mil para novos, no caso de uso do FGTS.
"O objetivo é pulverizar os recursos e atender ao maior número possível de pessoas", explica Aser Cortines, 54, vice-presidente de desenvolvimento urbano.
A apresentadora de TV Daniela Freitas, 24, está em busca de crédito para a compra de seu primeiro apartamento, em Moema, onde mora há três anos. "Com o dinheiro em mãos, vou visitar meia dúzia de opções e escolher logo. O que mais me incomoda no aluguel é o fato de ter de pedir autorização até para pôr um quadro."

Incompatível
Chama atenção na pesquisa a pequena vantagem da preferência de apartamento (52%) sobre casa (48%). "A opção por casa ganha só no discurso, já que ninguém se refere ao "sonho do apartamento próprio"", afirma Cláudio Silveira, diretor da InterScience.
"Por causa da segurança e do espaço, as pessoas querem morar em condomínios de casas em bairros subcentrais, mas essas duas alternativas são incompatíveis", pondera Rogério Santos, 34, diretor da imobiliária Abyara. "Eles precisam de grandes áreas, e elas não existem mais nas regiões altamente verticalizadas."
Na classe média, além do preço, fala mais alto na hora da escolha o bairro em que está o imóvel (confira no quadro acima). "E a localização atua diretamente no custo", lembra Gonzalo Fernandez, 35, diretor do Secovi-SP (sindicato de imobiliárias e construtoras) e da imobiliária Fernandez Mera.
"A proximidade da escola e do emprego interfere no orçamento familiar e na qualidade de vida", diz. "As pessoas querem morar a menos de 40 minutos do trabalho", completa Santos, da Abyara. (EDSON VALENTE)


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