São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO

Corrida de incorporadoras pelos últimos terrenos já está em fase final

Moradores de casas antigas reclamam da verticalização

Fernando Moraes/Folha Imagem
Chateau de Tocqueville refletido em prédio da Juscelino Kubitscheck... ...contrasta com "estacionamento' de carros de catadores de papelão


DA REPORTAGEM LOCAL

A corrida pelos valiosos terrenos da Fernandes de Abreu criou um contraste que mostra bem a transformação radical pela qual a rua está passando: de um lado, prédios de alto padrão, com uma área útil média de 398,35 m2; do outro, casas em estado precário.
No mesmo endereço há 24 anos, a aposentada Maria da Conceição, 73, será despejada. "A casa em que moro foi vendida", conta. Mas ela não está triste: "Aqui só era bom antes do barulho e da sujeira que as obras trouxeram".
Já João Toqueiro, 47, zelador do prédio mais antigo da rua, construído há 11 anos, lembra com saudades "da época em que a Fernandes de Abreu era mais feliz". "A rua inteira possuía casinhas simples, construídas há 50 anos. Fazíamos festas juninas, pendurávamos bandeirolas. Agora, com esses ricos, o único barulho é o das construções, insuportável."
Há ainda os que têm de se contentar em morar entre dois prédios. É o caso do aposentado José Matos, 57. "Como era uma casa no fundo, as empresas não se interessaram. Mas, se alguma quiser comprar, vendo na hora", avisa.

Bulevar
Enquanto as casas com mais de 50 anos são vendidas e, aos poucos, vão dando lugar a prédios de luxo, os novos moradores se organizam para apagar de vez os vestígios dos antigos. "De fato, as moradias antigas, de mais baixo padrão, não combinam com a nova rua", justifica Eduardo Machado, diretor da incorporadora Cyrela.
De acordo com Renato Lemos, coordenador de vendas da imobiliária Fernandez Mera, existe um estudo na prefeitura para recapear o asfalto da rua e torná-la mão única. "Quando tudo estiver pronto, esperamos que o metro quadrado suba para R$ 6.500."
Uma alteração já foi feita: no trecho final da rua, que é sem saída, moradores colocaram uma cancela com guarita, controlando o acesso de moradores e visitantes. "Assim que os prédios ficarem prontos, a associação dos moradores tratará de embelezá-la. Um dos projetos já aprovado é a criação de um bulevar com fonte d'água", antecipa Claudio Jordani Filho, da construtora São José.(CÁSSIO AOQUI)


Texto Anterior: Mercado: Milionários têm novo endereço na cidade
Próximo Texto: Lançamento - Vila Andrade: Casas de 3 quartos custam R$ 280 mil
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.