São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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SÃO PAULO EM ZONAS - OESTE

Região teve aumento de 93% nos lançamentos de 1999 a 2003; Perdizes foi o distrito com mais prédios, e Itaim lançou mais unidades

Mercado dobrou de tamanho em 5 anos

Divulgação Base Aerofoto
Vista aérea do distrito de Perdizes, que foi o campeão da zona oeste em empreendimentos


EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O mercado imobiliário da zona oeste foi, disparado, o que mais cresceu em São Paulo nos últimos cinco anos, segundo estudo do Datafolha. O número de lançamentos aumentou 93% na região, com média de 71 novos prédios por ano. O crescimento na zona sul foi de 43%; na norte, de 41%.
Segundo especialistas, o desempenho não se deve ao acaso. "É a zona da cidade que tem mais atrativos em termos de infra-estrutura, com shoppings, grandes avenidas e ligações com a marginal Pinheiros", enumera Roberto Aflalo Filho, 51, vice-presidente da Asbea (associação dos escritórios de arquitetura). "Os moradores têm os serviços de que precisam em um raio muito próximo."
Para Luiz Fernando Ribeiro, 37, superintendente da Via Empreendimentos Imobiliários, o surgimento do Rodoanel também favoreceu o mercado imobiliário local. "Quem trabalha em Jundiaí ou tem empresa em Barueri passou a comprar na zona oeste."

Na liderança
O distrito campeão de lançamentos foi o de Perdizes, com 63 novos empreendimentos, contra 59 do vice-campeão, Itaim Bibi. Em número de unidades, as posições se invertem (veja quadro).
"Perdizes vem se tornando uma região nobre", opina João Freire d'Avila Neto, 46, sócio da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações. "Tem mercado para apartamentos de alto padrão, com três ou quatro dormitórios. É um distrito consolidado, muito tradicional. É o "upgrade" para quem mora na Lapa, por exemplo", argumenta.
A relação de apartamentos por edifício, um indicativo do padrão das obras, mostra que os distritos mais nobres são Alto de Pinheiros, Morumbi e Pinheiros, com médias de 37, 40 e 45 unidades por empreendimento, respectivamente. O cobiçado Jardim Paulista vem na seqüência, com 50 apartamentos/prédio na média dos últimos cinco anos. Os distritos campeões em lançamentos na zona oeste têm média maior: 70 no Itaim Bibi e 65 em Perdizes.

Novos eixos
O crescimento da zona oeste não se restringiu aos distritos tradicionais. "Os sistemas de financiamento viabilizaram áreas mais periféricas, como o Butantã", lembra d'Avila. "É um local extremamente próximo à praça Panamericana e ao shopping Villa-Lobos, com fácil acesso pelas marginais e bom apelo para o mercado", situa Odair Semra, 57, diretor de incorporações da Gafisa.
"Os lançamentos surgiram também na Vila Leopoldina, no lugar dos antigos galpões fabris", afirma d'Avila. "Os terrenos nessas imediações são mais baratos."
Já Regina Monteiro, 47, presidente do Movimento Defenda São Paulo, aposta na Pompéia, bairro situado no distrito de Perdizes. "Trata-se de um lugar privilegiado, com linhas de metrô e de trem próximas e vilas de casas, o que traz mais qualidade de vida."
A incorporadora Klabin Segall preferiu investir na Barra Funda. "É um distrito que está sendo revitalizado", diz Marcella Carvalhal, 32, gerente de marketing.

Apartamentos maiores
Além de se tornarem mais numerosos, os apartamentos da zona oeste também aumentaram de tamanho: 15%, em média.
"Há a predominância de um perfil de classes média e média-alta, pessoas que buscam mais conforto", explica Aflalo Filho. "Em geral, elas têm mais de 40 anos e não possuem capital suficiente para comprar em distritos mais consolidados, como Moema e Vila Mariana [na zona sul]", complementa Regina Monteiro.
Embora conte com um mercado tão aquecido, a zona oeste não chega a competir com a sul pela hegemonia imobiliária em São Paulo, segundo d'Avila Neto, da Amaral d'Avila. "Os bairros mais nobres da cidade estão mesmo na região sul", atesta o consultor.

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