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Carrão não cabe na vaga
Tamanho de utilitários extrapola sobretudo na altura, e o de carros de passeio, na largura
DÉBORA FANTINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O carro e a vaga de garagem
do prédio são feitos um para o
outro, mas isso não significa
que formem um par perfeito.
Incompatibilidade de medidas do espaço e do veículo é
problema sobretudo para donos de utilitários, como o artista plástico Luciano Romeu, que
tem um Land Rover Defender.
Ele diz que gostaria de instalar um bagageiro no teto do veículo, que mede cerca de 1,9 m
de altura, mas, se o fizer, será
barrado na vaga do prédio para
o qual se mudou há dois meses.
"[O jipe] é de um modelo
mais compacto, que não tem
muito espaço para malas, mas
já passa raspando", descreve
Romeu, que comprou o apartamento na planta e já havia
adaptado o portão da casa onde
morava antes ao carro.
Com planos de se mudar novamente, ele diz que levará em
conta a medida da vaga de garagem na escolha do imóvel.
A altura das vagas disponíveis não deve ultrapassar 2,3 m,
medida estipulada pelo Código
de Obras e Edificações da cidade de São Paulo para vagas
grandes, que são minoria -a lei
exige que correspondam a 5%
do total de uma garagem.
A maior parte das vagas -pequenas e médias- deve ter
uma altura mínima de 2,1 m. As
medidas referem-se ao pé-direito livre.
Largos
"Tubulações, luminárias e
outros itens fixados no teto não
devem roubar nenhum centímetro", ressalta o vice-presidente de tecnologia do Secovi-SP (sindicato imobiliário), Alberto Du Plessis Filho.
No caso de carros de passeio,
é a largura que não costuma bater com a das vagas padrão.
"Um carro médio tem cerca
de 1,5 m de largura [um Ford Ka
mede 1,63 m]. Numa vaga de 2
m, não se conseguem abrir direito as portas para sair do carro", descreve o arquiteto Fernando Freitas, especializado
em projetos para construtoras.
O aposentado Nicanor de
Souza precisa pular o banco do
carona para sair de seu Ômega
quando estaciona na vaga do
prédio onde mora. "Já outro
morador tem de parar o carro,
desengatado e sem o freio de
mão puxado, alinhado à vaga e
empurrá-lo", conta Souza, que
é o síndico do condomínio.
Por esses e outros problemas
na garagem -como vagas em
frente ao painel de medição de
energia elétrica e em outros locais inadequados-, o condomínio processou a construtora.
A pendenga judicial levou
nove anos -de 1993 a 2002-, o
condomínio recebeu uma indenização, mas uma reforma da
garagem não era viável. "O problema foi financeiramente resolvido, mas tecnicamente,
não", lamenta o síndico.
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