São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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Leilões trazem tanto economia como uma grande dor de cabeça

Olho no lance

Marlene Bergamo/Folha Imagem
O leiloeiro oficial Mauro Zukerman bate o martelo para arrematantes de imóveis em SP


EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Comprar um imóvel em um leilão pode ser a oportunidade de conseguir um preço até 50% mais baixo que o de mercado, além de boas condições de pagamento. Mas o comprador pode levar até dez anos para conseguir as chaves ou até mesmo perder o dinheiro.
"Financeiramente, essa forma de aquisição pode mesmo ser vantajosa", afirma o advogado Marcelo Manhães de Almeida, 39, presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo. "Para vender várias unidades de uma só vez, é vantagem para o banco colocar os preços abaixo dos de mercado", diz. "Os valores são, na média, 20% menores", calcula o leiloeiro Mauro Zukerman, 46.
A maioria dos imóveis negociados em leilões pertence a bancos, que os tomaram de inadimplentes. Só que muitos estão ocupados pelo antigo dono ou por um inquilino. "A desocupação, em geral, fica a cargo do arrematante", afirma o leiloeiro Luiz Luqueta.
"Se o ocupante estiver defendido por uma liminar, o novo comprador ficará sem saber quando terá o imóvel na mão", alerta o presidente da Junta Comercial.
"Os bancos burlam a lei", diz Amauri Bellini, 42, consultor da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação. "O decreto-lei 70/66 determina que eles têm de desocupar os imóveis antes de levá-los a leilão. Quem arrematar antes pode estar comprando uma briga judicial que pode durar dez anos e até levar à perda do bem."
Carlos Eduardo Fleury, 45, superintendente-geral da Abecip (associação de entidades de crédito imobiliário), discorda. "Não há impedimento para que o agente leiloe o imóvel ocupado. É até melhor assim, pois o adquirente consegue um preço mais baixo." Segundo ele, a desocupação le- va, em média, seis meses.


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