São Paulo, domingo, 23 de maio de 2004

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OLHO NO LANCE

Leiloeiros se isentam da responsabilidade por eventual perda; consulta a cartórios de registros e visita ao imóvel pretendido são recomendáveis

Compradores precisam colocar limites no jogo

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os cuidados nos leilões não se limitam à ocupação dos imóveis. É preciso cautela até na hora de dar um lance, ensinam os especialistas. "O leilão empolga, a pessoa vai se entusiasmando e, quando vê, oferece 10% a mais do que pretendia", alerta Marcelo Manhães, da Junta Comercial. "É preciso estabelecer, antecipadamente, um limite para "jogar'", ensina.
"Já vi casos de quem comprou a primeira "porcaria" que foi oferecida, levado pelo impulso", diz João Crestana, 49, diretor de incorporações do Secovi-SP (sindicato da habitação). "É necessário ter em mente que leilão não é milagre, deve-se analisar muito bem o que se está adquirindo", diz.
E, para isso, vale desde consultar as fichas dos imóveis nos cartórios de registro até visitar o bem pretendido (veja quadro à pág. 1). Manhães conta que, certa vez, uma cliente arrematou uma casa para sua empregada sem ter ido até o local. "O imóvel estava situado em uma região de péssima acessibilidade, e ela se arrependeu. Sorte que o vendedor foi íntegro e rescindiu o contrato, o que nem sempre acontece", ressalta.
Os próprios leiloeiros se isentam de qualquer responsabilidade. "Damos fé pública e vendemos o bem, mas não nos responsabilizamos pelo seu estado", avisa Zukerman. "Se o arrematante compra o imóvel ocupado, o problema é dele, não nosso."
Ele diz ser contratado para organizar cerca de seis desses eventos anualmente, que movimentam entre 70 e 120 imóveis cada. "Essa média subiu para oito nos últimos dois anos", contabiliza.
Os leilões são realizados em um único dia, em local predeterminado, e divulgados com antecedência na imprensa e mesmo nas agências bancárias da instituição.

À vista
Élio Boccia, 57, diretor-executivo do Unibanco, explica que o banco oferece preços "mais atrativos" nos itens disponibilizados. "Se for pagamento à vista, damos descontos maiores", estipula.
Segundo ele, o Unibanco fez sete leilões em 2002, quatro deles de agências arrematadas por investidores que passaram a locá-las para o próprio banco. Os outros três foram para compradores em busca de moradia. Em 2003, o número de leilões caiu para um, mas para este primeiro semestre de 2004 dois estão programados.
Os leilões começam a ser utilizados como meio de venda também pelas incorporadoras. Um grupo delas organizou ontem o "off-price", em que os interessados dariam lances por imóveis novos com preço inicial de 10% a 30% abaixo do de mercado, diz Sérgio Mauad, 64, consultor do evento.

Concorrência pública
A Caixa Econômica Federal, por sua vez, criou um sistema de concorrência pública para desovar seu estoque. Os imóveis são divulgados, por meio de editais, e os interessados preenchem propostas que são apresentadas nas agências. É preciso deixar uma caução de 5%, em dinheiro ou cheque. Em um dia marcado, as propostas são abertas em cerimônia pública.
"Nem sempre a maior oferta é a que vai ganhar, pois privilegiamos o pagamento à vista", diz Mauricio Cruz Azevedo, 35, gerente de alienação de imóveis.
As transações movimentaram R$ 18 milhões em 2000, R$ 43 milhões em 2001, R$ 79 milhões em 2002 e R$ 49 milhões no ano passado. Neste ano, deverão ser negociados 1.629 bens.

Com assessoria
O leilão foi a forma encontrada pelo ilustrador Edevilson Fonseca Guilherme, 36, para adquirir o imóvel que deseja, um apartamento de três quartos no valorizado bairro dos Jardins.
Ciente dos riscos, ele contratou um advogado para assessorá-lo. "Ele analisou toda a documentação. Vou desembolsar à vista um valor que corresponde a cerca de 50% do de mercado", pondera. "Mas sei que terei muitos gastos com reforma, pois o imóvel está abandonado há três anos." (EV)


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