São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2006

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Calote deve cair em 2007

Previsão de que a nova lei para execução de cobrança derrube inadimplência em condomínios

Renato Stockler/Folha Imagem
A gentileza na comunicação com os moradores é a arma de Solange Spera para reduzir o desfalque


PRISCILA PASTRE ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se, em 2006, a inadimplência no pagamento da taxa de condomínio ficou no mesmo patamar que em 2005, as previsões de Ano Novo apontam para uma direção oposta em 2007.
"A taxa de inadimplência nos dois últimos anos ficou entre 8% e 10%", afirma Hubert Gebara, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (sindicato da habitação de São Paulo), que costuma pesquisar os números.
Gebara diz acreditar que a tendência é que a inadimplência caia em 2007 com a possibilidade de maior rapidez na cobrança do devedor na Justiça.
A nova lei que rege as ações, de julho de 2006, determina que não é mais preciso aguardar o julgamento de recurso do inadimplente para executar uma sentença de cobrança.
Depois que o condômino é comunicado de que foi condenado na Justiça, o condomínio pode iniciar execução automática de cobrança.
"Agora é mais rápido. Se o juiz entende que é preciso fazer o pagamento, dá 15 dias para o devedor pagar." Se não cumpre a sentença, o inadimplente pode até ter o bem penhorado.
Mas, apesar da boa nova de que a inadimplência pode cair, o começo do ano pede atenção extra às contas do prédio.

Sazonalidade
Nessa época, há uma "onda" sazonal ascendente de não-pagamento. Nos meses iniciais, por causa de gastos com festas de final de ano, viagens, matrículas escolares e impostos como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), o pagamento do condomínio geralmente é adiado.
Mas se engana quem pensa que o primeiro mês é o mais vermelho de todos. Os maiores desfalques, que costumam ficar entre 15% e 20% acima da taxa média de inadimplência, são registrados em fevereiro e março, já que, em janeiro, o que sobrou do 13º salário alivia o balanço doméstico.
Entre as propostas mais comuns para sanar rombos causados pela inadimplência costumam estar as de aumento da arrecadação ou de corte de despesas, que prejudicam os condôminos que pagam em dia.
Para evitar providências drásticas, a síndica Solange Spera, 48, aposta no bom relacionamento com os moradores do prédio em que vive, na região do Ibirapuera (zona sul).

Papel de carta
Em 2004, Spera, que auxiliou a mãe na gestão financeira nos cinco anos em que ela foi síndica, deixou a função com uma dívida de R$ 13 mil.
"Quando voltei à administração -eleita formalmente como síndica-, o desfalque estava em mais de R$ 63 mil", calcula.
Já no primeiro mês de sua gestão, R$ 15 mil foram recuperados."Não quero pôr ninguém na Justiça, não trabalho com ameaça. Converso, estou disponível a qualquer hora e gosto de negociar", diz, ressaltando a importância de conhecer os problemas de cada condômino para não confundir atraso esporádico com mau pagador.
O comportamento gentil -mas firme - é comprovado já na entrada do prédio. Bilhetinhos informativos são feitos à mão, em papel de carta. A assinatura não traz a palavra "síndica", mas seu nome.
"No prédio, os moradores devem ter um clima de amizade, não de guerra", discursa.


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