São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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Nó na incorporação

Patricia Stavis/Folha Imagem
Parte do tráfego na av. Giovanni Gronchi se deslocará para a av. Itapaiúna, onde preços de terrenos podem subir

Nova via deve melhorar trânsito no Morumbi, mas confunde zoneamento e preços de m2

GIOVANNY GEROLLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma nova avenida, paralela à Giovanni Gronchi, nos distritos de Morumbi (zona oeste) e Vila Andrade (zona sul), tem um efeito previsto, o de desafogar o trânsito da região, e outros ainda nebulosos, ligados ao mercado imobiliário naquele trecho.
A melhora do tráfego criará outro nó na questão: as possíveis valorizações- ou desvalorizações- de metro quadrado nas áreas próximas ao trajeto da nova avenida.
O que provoca incerteza, para os consultores, é a indefinição de qual tipo de zoneamento vai prevalecer naquele trecho.
Segundo Eduardo Della Manna, diretor de legislação urbana do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário), "é provável que a implantação da via acompanhe alguma alteração do zoneamento, pois imóveis às margens de grandes avenidas podem perder seu uso residencial, mas têm de ganhar valor comercial", aponta.
"Tudo vai depender de como a área será classificada", pondera Luiz Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).
"Se a incorporação será possível, o que pode valorizar muito os terrenos, ou se o fluxo de carros [pela nova via] aumentará muito, trazendo poluição sonora, o que tira valor de casas às margens do tráfego", argumenta o especialista.

Especulação imobiliária
Bruno Almeida Júnior, diretor da Sociedade de Moradores do Morumbi, diz acreditar no surgimento de especulação imobiliária, com valorização do metro quadrado construído.
"O Morumbi já mudou muito e é natural que, com o crescimento do bairro, a infra-estrutura abra portas para novos investimentos", complementa Wilson Gomes, consultor da ABMM (Associação Brasileira de Moradores e Mutuários).
Para ele, contudo, o bairro já não é mais "classe A, como antigamente": "Nota-se a grande popularização da área, com uma classe média que procura sair do centro e se dirige para lá", analisa. "Isso desvaloriza o bairro como um todo."
Um dos trechos da nova avenida, que circunda Paraisópolis, faz parte de um projeto de urbanização da favela.
Naquele perímetro deverão surgir, no futuro, conjuntos habitacionais "que servirão de pulmão ao desenvolvimento de Paraisópolis", afirma o secretário-adjunto da Siurb (Secretaria Municipal de Infra-Estrutura e Obras), Marcos Penido.
Apesar de a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ainda não ter concluído as avaliações de impactos viários para a região, o secretário-adjunto prevê o início das obras para o primeiro trimestre de 2008.
"Ainda estamos em licitação, e tudo deverá ser concluído até dezembro do ano que vem."

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