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Para gestoras, órgão será pouco útil
Empresas dizem que Justiça dá conta dos problemas; Secovi-SP pede mais esclarecimentos
DA REDAÇÃO
Administradoras de condomínios mostram desconfiança
sobre a utilidade de um órgão
do Poder Executivo para resolver problemas nos prédios.
"Precisamos ser convencidos
das vantagens", diz Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP (sindicato
do setor). "A princípio achamos
que não há necessidade. Já
existe a Justiça para dirimir dúvidas e câmaras de mediação
para buscar acordos."
A entidade se reunirá com
Fernando Capez na próxima
quarta-feira para "pedir esclarecimentos" sobre a proposta.
Para Angélica Arbex, gerente
de marketing da Lello Condomínios, a coordenadoria "talvez não seja o melhor caminho"
para solucionar desavenças.
"Não há número expressivo de
casos que vão à Justiça", argumenta. "Defendo a conciliação
entre quatro paredes, o pacto
de convivência onde se mora."
Arbex chama a atenção para
a variedade dos regulamentos
internos. "Seria necessário conhecer 20 mil convenções e as
suas especificidades."
"Muitas "coisinhas" já vão para pequenas causas [Juizados
Especiais Cíveis]", opina Rene
Vavassori, diretor da administradora Itambé. "Como quando
um morador se sente prejudicado por um vazamento ou
uma batida de carro na garagem", exemplifica.
O temor de Marcelo Manhães, presidente da Comissão
de Direito Imobiliário da OAB-SP, é que a Procond cause efeito
contrário ao propósito de acelerar a resolução dos conflitos.
"Um inadimplente pode se
valer da coordenadoria para
contestar a acusação e prolongar a situação. Haverá um custo
para manter a estrutura pública. Precisa? A cobrança tem de
ser acelerada no Judiciário."
Orientação
Se os pareceres das administradoras não são muito favoráveis, uma olhada na relação de
problemas em condomínios
(veja no quadro) pode levar à
busca de uma segunda opinião.
Ela passa pela experiência de
Rosely Schwartz, professora do
curso de administração de condomínios da FMU (Faculdades
Metropolitanas Unidas) e consultora na elaboração de justificativas, listadas na indicação,
para a criação do órgão.
Além dos desentendimentos
entre moradores, Schwartz
destaca as contestações em relação ao síndico. "Ele pode ser
arbitrário, usar procurações
para prevalecer no cargo e
aprovar contas", especifica.
E quem já ocupou a função
sabe do problema que ela representa, mesmo quando as intenções são as melhores.
O economista Sergio Saldanha, 44, foi síndico durante
dois anos. O que mais lhe deu
dores de cabeça foi a inadimplência. "Divulguei no verso do
boleto [mensal de cobrança] os
números dos apartamentos
inadimplentes. Um morador se
sentiu lesado pela exposição e
foi à Justiça, mas não compareceu no dia da audiência."
Saldanha enfrentou ainda
uso de drogas em áreas comuns
e reclamações improcedentes
de moradores. "Virei até psicólogo: um pai me chamou para
ajudá-lo a impedir que o filho
fritasse manjubas à noite."
Muitas vezes sentiu falta de
quem o orientasse nas decisões. "A saída era conversar
com outros síndicos, ler revistas. Uma ouvidoria especializada seria bem-vinda."
(EV)
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