São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

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Para gestoras, órgão será pouco útil

Empresas dizem que Justiça dá conta dos problemas; Secovi-SP pede mais esclarecimentos

DA REDAÇÃO

Administradoras de condomínios mostram desconfiança sobre a utilidade de um órgão do Poder Executivo para resolver problemas nos prédios.
"Precisamos ser convencidos das vantagens", diz Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP (sindicato do setor). "A princípio achamos que não há necessidade. Já existe a Justiça para dirimir dúvidas e câmaras de mediação para buscar acordos."
A entidade se reunirá com Fernando Capez na próxima quarta-feira para "pedir esclarecimentos" sobre a proposta.
Para Angélica Arbex, gerente de marketing da Lello Condomínios, a coordenadoria "talvez não seja o melhor caminho" para solucionar desavenças. "Não há número expressivo de casos que vão à Justiça", argumenta. "Defendo a conciliação entre quatro paredes, o pacto de convivência onde se mora."
Arbex chama a atenção para a variedade dos regulamentos internos. "Seria necessário conhecer 20 mil convenções e as suas especificidades."
"Muitas "coisinhas" já vão para pequenas causas [Juizados Especiais Cíveis]", opina Rene Vavassori, diretor da administradora Itambé. "Como quando um morador se sente prejudicado por um vazamento ou uma batida de carro na garagem", exemplifica.
O temor de Marcelo Manhães, presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-SP, é que a Procond cause efeito contrário ao propósito de acelerar a resolução dos conflitos.
"Um inadimplente pode se valer da coordenadoria para contestar a acusação e prolongar a situação. Haverá um custo para manter a estrutura pública. Precisa? A cobrança tem de ser acelerada no Judiciário."

Orientação
Se os pareceres das administradoras não são muito favoráveis, uma olhada na relação de problemas em condomínios (veja no quadro) pode levar à busca de uma segunda opinião.
Ela passa pela experiência de Rosely Schwartz, professora do curso de administração de condomínios da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) e consultora na elaboração de justificativas, listadas na indicação, para a criação do órgão.
Além dos desentendimentos entre moradores, Schwartz destaca as contestações em relação ao síndico. "Ele pode ser arbitrário, usar procurações para prevalecer no cargo e aprovar contas", especifica.
E quem já ocupou a função sabe do problema que ela representa, mesmo quando as intenções são as melhores.
O economista Sergio Saldanha, 44, foi síndico durante dois anos. O que mais lhe deu dores de cabeça foi a inadimplência. "Divulguei no verso do boleto [mensal de cobrança] os números dos apartamentos inadimplentes. Um morador se sentiu lesado pela exposição e foi à Justiça, mas não compareceu no dia da audiência."
Saldanha enfrentou ainda uso de drogas em áreas comuns e reclamações improcedentes de moradores. "Virei até psicólogo: um pai me chamou para ajudá-lo a impedir que o filho fritasse manjubas à noite."
Muitas vezes sentiu falta de quem o orientasse nas decisões. "A saída era conversar com outros síndicos, ler revistas. Uma ouvidoria especializada seria bem-vinda." (EV)


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