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Os nós do Google
Empresa é acusada de invasão da privacidade
e tem problemas judiciais; concorrência cresce
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
EDITOR DO FOLHATEEN
"Don't be evil" (não seja
mau) é o lema informal do Google. Mas não são poucos os que
atualmente duvidam que a empresa consiga conciliar essa filosofia empresarial com sua
posição de dominação na internet e sua crescente ambição.
Para expandir seus domínios, o Google cedeu à censura
na China (para entrar no país,
em 2006), ignorou direitos autorais de livros (com o Google
Books), vídeos e músicas (com
o YouTube) -em ambos os casos, foi processado e fez acordos, mas ainda não resolveu as
questões em definitivo- e desrespeitou a privacidade dos internautas (ao impor o Google
Buzz aos usuários do Gmail).
Ainda assim, viu competidores de internet crescerem por
todos os lados (e reagiu, em diversos casos, com métodos
considerados monopolistas e
ilegais). Mesmo naquilo que fez
sua fama -seu mecanismo de
busca-, perdeu terreno.
Hoje, a busca do Google, apesar de ainda ser a mais usada,
não é necessariamente o meio
mais eficiente de encontrar informação. Uma pergunta lançada no site gera grande quantidade de resultados.
Se a mesma pergunta for feita por meio de redes sociais como o Facebook ou o Twitter, os
resultados podem ser mais
confiáveis e selecionados, vindo de contatos conhecidos.
"O Google sabe disso e se
preocupa com as redes sociais",
disse Ken Auletta, autor do livro "Googled: The End of the
World As We Know It" ("googlado", o fim do mundo como o
conhecemos), em entrevista ao
"Wall Street Journal".
Um reflexo dessa preocupação pode ser visto no considerável aumento dos gastos da
empresa para defender seus interesses políticos.
De acordo com números do
Senado dos EUA, compilados
pelo site Google Watch, o Google quase dobrou seus gastos
com lobby em 2009 -US$ 4
milhões, contra US$ 2,84 milhões em 2008; o valor também
é quase o triplo do de 2007
(US$ 1,52 milhão).
É claro que a empresa não é a
única a gastar dinheiro defendendo seus interesses em Washington; a Microsoft, por
exemplo, mesmo encolhendo
drasticamente seus gastos com
lobby no ano passado, ainda assim torrou US$ 6,72 milhões.
O lobby do Google é direcionado a questões ligadas à privacidade, leis de copyright e competitividade em anúncios on-line. Boa parte do dinheiro foi
gasto na defesa de seu projeto
Google Livros (Books), que pretende digitalizar cópias de 10
milhões de livros até 2015 (a
um custo de US$ 200 milhões).
Já em seu lançamento, em
2005, o projeto foi acusado de
infringir "massivamente" os direitos autorais; processado, o
Google chegou a acordo com
autores e editoras nos EUA.
Mas a negociação foi denunciada pelo Departamento de
Justiça dos EUA e pela concorrência (Amazon, Apple, Yahoo!) por ser ampla demais, favorecendo um monopólio do
Google sobre os livros digitais.
O acordo foi, então, revisado,
mas o caso não foi solucionado.
"Apesar do esforço das partes
para melhorar o acordo inicial,
muitos dos problemas identificados persistem", informou o
Departamento de Justiça.
Outra questão é que o acordo
foi feito apenas com as partes
norte-americanas, o que desagradou a União Europeia (que
tem seu próprio projeto de biblioteca digital, a Europeana).
A UE pretende ver o Google
negociando separadamente
com cada editora, para garantir
que não sejam violadas leis de
cada país. A França, por exemplo, já processou a empresa, em
dezembro passado, para impedir a digitalização de livros.
Além disso, um inquérito do
órgão antitruste da UE, aberto
no mês passado, investiga reclamações de que o gigante da
internet manipula o resultado
de buscas por seus concorrentes, colocando-os mais abaixo
na página de resultados de pesquisa de seus sites. O Google
negou violar as leis ou agir para
sufocar a competição.
Por fim, a empresa viu três de
seus executivos serem condenados pela Justiça italiana, na
semana passada, por terem
permitido que um vídeo que
mostra um adolescente autista
sendo maltratado fosse colocado no Google Video, em 2006.
E, nesta semana, um dos parceiros do Google também passou a ser atacado. A Apple entrou na Justiça contra a fabricante de celulares HTC, de Taiwan, afirmando que a companhia quebrou cerca de 20 patentes do iPhone. A HTC, que
ainda não se manifestou sobre
o caso, foi a primeira empresa a
fabricar celulares baseados no
sistema Android, do Google.
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