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Celulares com navegador GPS invadem privacidade
BIG BROTHER Serviço de rastreamento questiona individualidade do usuário e permite que, por telefone, amigos e familiares saibam exatamente onde você está
LAURA M. HOLSON
DO "NEW YORK TIMES"
Duas perguntas passaram a
ser feitas recentemente, tudo
devido aos últimos avanços tecnológicos dos telefones celulares: você deseja que seus amigos, familiares ou colegas saibam onde você está em uma determinada hora? E você quer
saber onde eles estão?
Vantagens óbvias logo se
apresentam. Os pais podem valer-se dos chips de GPS (sistema de posicionamento global,
na sigla em inglês) instalados
nos telefones para rastrear o
paradeiro dos filhos.
E para os adolescentes e os
adultos com 20 e poucos anos,
acostumados a compartilhar
pela internet suas idas e vindas,
serviços com público-alvo jovem como o Loopt e o Buddy
Beacon representam o próximo passo natural.
Sam Altman, 22, co-fundador do Loopt, disse haver tido a
idéia do serviço no começo de
2005, quando saía de uma sala
de aula na Universidade Stanford. "Cerca de 200 alunos sacaram seus celulares, ligaram
para alguém e perguntaram:
"Onde você está?'", contou. "As
pessoas desejam se conectar."
Mas tais serviços apontam
para um novo fato da vida moderna: se o GPS diminui as
chances de alguém se perder, os
novos celulares diminuem as
chances de alguém se esconder.
"Há mudanças enormes
ocorrendo na sociedade, em especial no meio dos jovens, que
se sentem confortáveis com o
compartilhamento de informações", disse Kevin Bankston,
advogado da EFF (do inglês de
Fundação Fronteira Eletrônica). "Há riscos para a privacidade dos quais nem começamos a
nos dar conta."
No entanto, para entusiastas,
as vantagens práticas superam
os motivos de preocupação.
Kyna Fong, 24, aluna da
Stanford, usa o Loopt, oferecido pela Sprint Nextel. Por US$
2,99 ao mês, consegue descobrir a localização de seus amigos que também possuem o
serviço -eles aparecem como
pontos em um mapa no celular
dela, identificados por rótulos.
E os amigos também podem
descobrir onde Fong está.
Ela pode controlar com
quem compartilha o serviço e,
se em algum momento desejar
privacidade, consegue bloqueá-lo. Algumas pessoas não são
convidadas para compartilhar
do serviço, como sua mãe.
Por enquanto, o mercado de
mapeamento ainda engatinha.
Mas quase 55% de todos os celulares vendidos hoje nos EUA
contam com tecnologia que
permite o rastreamento, segundo a Current Analysis.
Os consumidores podem
desligar o serviço, tornando-se
invisíveis para pessoas de sua
rede de mapeamento social.
Ainda assim, o GPS no telefone
significa que sua localização
não é um mistério completo.
"Há um elemento de Big Brother nisso", disse Charles S.
Golvin, analista da Forrester
Research. "A lógica é a seguinte: se meus amigos conseguem
me encontrar, a empresa telefônica também sabe sempre
onde estou."
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO
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