São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Celulares com navegador GPS invadem privacidade

BIG BROTHER Serviço de rastreamento questiona individualidade do usuário e permite que, por telefone, amigos e familiares saibam exatamente onde você está

LAURA M. HOLSON
DO "NEW YORK TIMES"

Duas perguntas passaram a ser feitas recentemente, tudo devido aos últimos avanços tecnológicos dos telefones celulares: você deseja que seus amigos, familiares ou colegas saibam onde você está em uma determinada hora? E você quer saber onde eles estão? Vantagens óbvias logo se apresentam. Os pais podem valer-se dos chips de GPS (sistema de posicionamento global, na sigla em inglês) instalados nos telefones para rastrear o paradeiro dos filhos.
E para os adolescentes e os adultos com 20 e poucos anos, acostumados a compartilhar pela internet suas idas e vindas, serviços com público-alvo jovem como o Loopt e o Buddy Beacon representam o próximo passo natural. Sam Altman, 22, co-fundador do Loopt, disse haver tido a idéia do serviço no começo de 2005, quando saía de uma sala de aula na Universidade Stanford. "Cerca de 200 alunos sacaram seus celulares, ligaram para alguém e perguntaram: "Onde você está?'", contou. "As pessoas desejam se conectar."
Mas tais serviços apontam para um novo fato da vida moderna: se o GPS diminui as chances de alguém se perder, os novos celulares diminuem as chances de alguém se esconder. "Há mudanças enormes ocorrendo na sociedade, em especial no meio dos jovens, que se sentem confortáveis com o compartilhamento de informações", disse Kevin Bankston, advogado da EFF (do inglês de Fundação Fronteira Eletrônica). "Há riscos para a privacidade dos quais nem começamos a nos dar conta."
No entanto, para entusiastas, as vantagens práticas superam os motivos de preocupação. Kyna Fong, 24, aluna da Stanford, usa o Loopt, oferecido pela Sprint Nextel. Por US$ 2,99 ao mês, consegue descobrir a localização de seus amigos que também possuem o serviço -eles aparecem como pontos em um mapa no celular dela, identificados por rótulos.
E os amigos também podem descobrir onde Fong está. Ela pode controlar com quem compartilha o serviço e, se em algum momento desejar privacidade, consegue bloqueá-lo. Algumas pessoas não são convidadas para compartilhar do serviço, como sua mãe. Por enquanto, o mercado de mapeamento ainda engatinha.
Mas quase 55% de todos os celulares vendidos hoje nos EUA contam com tecnologia que permite o rastreamento, segundo a Current Analysis. Os consumidores podem desligar o serviço, tornando-se invisíveis para pessoas de sua rede de mapeamento social.
Ainda assim, o GPS no telefone significa que sua localização não é um mistério completo. "Há um elemento de Big Brother nisso", disse Charles S. Golvin, analista da Forrester Research. "A lógica é a seguinte: se meus amigos conseguem me encontrar, a empresa telefônica também sabe sempre onde estou."


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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