São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Consumo

Amor on-line

Na rede, cupido aproveita ausência relativa, fotos e meias-palavras, diz pesquisadora

GUSTAVO VILLAS BOAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem já usou a internet para procurar namorado? A maioria dos internautas solteiros, diz uma pesquisa da Pew Internet (www.pewinternet.org), feita no ano passado, nos EUA.
Segundo o estudo, cerca de 3 em cada 4 solteiros conectados à rede já a utilizaram para atividades relacionadas a esse fim.
"Com a internet, surgiu um novo modo de paquerar que pode ser chamado de presença ausente, por paradoxal que pareça. O que há de semelhante em todas as formas [de paquera] é a necessidade humana de conquistar a atenção e o amor do outro", diz Maria Lucia Santaella, diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais da PUC-SP.
Segundo a Pew, o começo virtual tem resultados concretos: 3 milhões de internautas, nos EUA, disseram ter conhecido a cara-metade em encontros on-line.
Comprometimentos em que, com certeza, o jogo de sedução não foi feito com as armas tradicionais como roupas e perfumes. Para a Santaella, esses artifícios possuem seus correspondentes no universo digital. "A pessoa investe em signos: meias-palavras, fotos e citações", exemplifica.
Signos e truques que, diz Santaella, estão migrando do desktop para os dispositivos móveis. "Os jovens, cada vez mais, trocam mensagens telegráficas, fotos e vídeos no celular."
Santaella lembra que a paquera na internet tem desvantagens. Por exemplo, a "ausência do encontro mágico dos olhares". Mas, em compensação, possui o "espaço aberto do acesso a qualquer momento, quantas vezes se quiser. E é também compensada pelo jogo possibilitado pelo paradoxo de se estar presente e, ao mesmo tempo, em ausência".
Para ela, a ausência e o anonimato relativo redunda em outra ambigüidade do flerte virtual. Os entusiastas dizem que é mais fácil descobrir o íntimo da outra pessoa; os detratores, que a paquera on-line é campo fértil para falsear a realidade.
"Tanto se pode dar vazão às intimidades mais secretas quanto se pode mentir com todas as letras. Pessoas sérias, que apreciam o jogo da verdade, podem estar conectadas com outras para as quais entrar no mundo virtual significa entrar na brincadeira", alerta.
Lucia Santaella participa, em 12 de junho, às 19h30, de um debate com o escritor e colunista da Folha Fernando Bonassi, sobre narcisismo e paquera na rede. O evento, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, pode ser acompanhado, ao vivo, pela internet em www.tvuol.uol.com.br. O debate vai ser mediado pelos jornalistas Marcelo Rubens Paiva e Marcelo Tas.


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