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Reportagem de capa
Portais reúnem biografia involuntária dos visitantes
Juliano Barreto/Folha Imagem
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Visitante da conferência Defcon assiste a uma palestra sobre privacidade |
SEGREDOS REVELADOS Falha da AOL mostra que grandes portais concentram dados pessoais de milhões de usuários e podem interferir em suas vidas fora da rede
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles oferecem e-mail no seu
celular, blog com fotos, buscas
e notícias personalizadas e uma
miríade de serviços on-line.
Tudo de graça. Em troca, basta
apertar o botão "Eu concordo"
e ceder seus dados pessoais para mecanismos de propaganda.
O trato, que parecia bastante
justo para os milhões de usuários de sites como MSN, Google
e Yahoo!, se revelou uma armadilha em potencial após o vazamento de dados pessoais de
usuários da AOL.
Ao ver que todas as informações buscadas no mecanismo
do provedor eram guardadas e
classificadas, usuários norte-americanos e ONGs de defesa
da privacidade on-line puderam imaginar o tamanho do poder dos grandes portais.
A polêmica já havia começado com o lançamento do Gmail,
do Google, que exibiria anúncios relacionados com o conteúdo das mensagens da caixa
postal do usuário. O tema voltou a ser discutido no começo
deste ano, quando o governo
norte-americano solicitou informações pessoais dos usuários do Google para aprovar
uma lei contra a pornografia infantil. O portal negou o pedido,
mas várias perguntas ficaram
no ar. Onde os sites guardam as
informações dos usuários?
Quem tem acesso a elas?
No caso dos brasileiros, as
respostas não são claras.
Ao concordar com os contratos de prestação de serviço, que
muitas vezes têm apenas versão em inglês, o usuário fica
vulnerável às políticas da empresa. As leis brasileiras não
podem ajudá-lo, uma vez que
os portais respondem à legislação de seu país-sede, os EUA.
Censura vermelha
Segundo dados da comScore
(www.comscore.com), existem 74 milhões de chineses na
internet. O país é o segundo
mais conectado. Esses dados
explicam o interesse de portais
no mercado chinês e mostram
as razões pelas quais empresas
estariam colaborando com práticas pouco democráticas impostas pelo governo Hu Jintao.
De acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras
(www.rsf.org), as três gigantes da rede ajudaram Pequim a
censurar conteúdo e a violar a
privacidade de pessoas.
O Yahoo! foi acusado de fornecer informações pessoais do
jornalista Shi Tao. Em 2005,
Tao foi condenado a dez anos
de prisão por "divulgar segredos de Estado". O Google teve
problemas em 2002, quando o
regime comunista bloqueou o
acesso ao buscador por duas
semanas. E, também segundo a
ONG, para tornar possível o
lançamento do Google.cn,
uma versão em idioma local,
Pequim teria imposto uma lista
com 900 termos proibidos.
Hoje, no portal chinês, quem
procura informações sobre a
praça Tiananmen, também conhecida como a praça da Paz
Celestial só encontra sites turistícos. Resultados que mostram páginas sobre os conflitos
no local foram omitidos.
Já o MSN, braço on-line da
Microsoft, teria concordado
em enviar dados pessoais do
usuários chineses do seu serviço de blogs. Autores de diários
com termos como "democracia" e "Dalai Lama" teriam sido
investigados por censores do
governo chinês.
(JB)
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