São Paulo, quarta, 9 de dezembro de 1998

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GAMES
Internet oferece emuladores
Volta guerra entre Atari e Odyssey

Reprodução
Cena do jogo de aventura na selva "Pitfall", para Atari; emuladores permitem jogar no PC


HAROLDO CERAVOLO SEREZA
editor-assistente interino da Ilustrada

Que apito você toca? Ditadura ou democracia? Direita ou esquerda? Michael Jackson ou Madonna? Atari ou Odyssey? "Pac Man" ou "Come-Come"?
São perguntas dos anos 80. Pelo menos as últimas podem voltar ao debate, graças a programas chamados emuladores, que copiam o jeito dos antigos videogames. Em menos de meia hora, é possível descarregar da Internet e instalar os dois videogames no seu micro, com os principais jogos.
O espaço? Mínimo. Todos os 60 jogos do Odyssey disponíveis na Internet e o emulador cabem, compactados, em um disquete. Os 510 jogos do Atari talvez precisem de um pouco mais.
Atari ou Odyssey? Parece uma pergunta tola. Mas não é. Dois padrões estavam em jogo: boas imagens versus boas idéias. Jogá-los hoje é quase praticar "história" do chip. Pode-se ver nessa guerra, por exemplo, uma espécie de prévia da disputa PC versus Macintosh, com resultado semelhante. Afinal, o console cuja fabricação era restrita (Odyssey) desandou. O Atari -e seus compatíveis- prosperou.
Atari e Odyssey são da terceira geração de videogames, que surgiu nos EUA no final dos anos 70. Chegou ao Brasil no começo dos anos 80, quando a produção nos EUA começava a declinar. Os novos jogos ganharam realismo, recursos gráficos sensacionais, se comparados aos dos "telejogos", e uma variedade então impensável.
O simulador de vôo "River Raid" pode ser considerado o game padrão do Atari. Placares milionários, muitas vidas e variabilidade restrita. Embora os cenários mudem de uma fase para a outra, pouco no jogo é imprevisto: a cada nova partida, navios e tanques reaparecem nos mesmos lugares.
"Didi na Mina Encantada" é o jogo por excelência do Odyssey. Vida única, placar que não ultrapassa 10 mil pontos e dificuldades diferentes a cada partida. Com recursos visuais mais fracos, os cartuchos do Odyssey se destacavam por serem mais conceituais. Passagens de fase eram marcadas por mudanças estruturais, como aumento de velocidade ou alterações aleatórias no labirinto.
Jogos como "Doom", "Quake" e "Tomb Raider" seguem o padrão Atari. Para citar um jogo marcante, games de aventura continuam a reproduzir o modelão "Pitfall".
Não fazem sucesso hoje em dia, no entanto, jogos que sigam o modelo de "Duelo no Velho Oeste", do Odyssey. Os tiros trocados pelos jogadores continuavam reverberando em pequenas árvores até saírem pela lateral. Vencia quem matasse dez vezes o adversário.
Mas é exagero afirmar que não há filhos da geração Odyssey. "SimCity" descende, ao menos indiretamente, de "Come-Come", jogo em que o labirinto podia ser redefinido pelo jogador. Assim, o próprio cenário passava a fazer parte do jogo, e elaborar um eficiente era garantia de quebra de recordes. Um conhecido jogo dos adultos, chamado planejamento.



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