São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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TECNOLOGIA

Empresa testa uso em partidas na Alemanha

Sistema com chips e receptores ajuda juízes em jogo de futebol

GUSTAVO POLONI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

A final da Copa de 66 é, até hoje, uma das polêmicas da história do futebol. Disputada na Inglaterra, teve como finalistas o time da casa contra os alemães. O jogo estava equilibrado até os 11 minutos da prorrogação, quando Geoff Hurst disparou um petardo que explodiu no travessão. A bola pingou perto da linha do gol e o juiz, convicto, apontou para o meio de campo. Era o terceiro gol da vitória dos ingleses por 4 a 2, que deixaria o título na Inglaterra. Mas, até hoje, o jogo gera muita discussão. Afinal: a bola ultrapassou ou não a linha do gol?
Se depender da nova tecnologia desenvolvida pela empresa alemã Cairos Technologies e inspirada nessa polêmica final, esse tipo de dúvida não mais existirá. A empresa está na fase final de teste de uma tecnologia chamada Smartball (bola esperta, em inglês). "Ela deve ajudar os juízes dentro do gramado", diz Hanno Reinert, presidente da Cairos.
Composto por uma rede de receptores e processadores instalados ao redor do campo, na bola e na caneleira dos jogadores, o sistema vai permitir que os árbitros apontem com mais facilidade impedimentos e marquem gols em lances duvidosos -como o da final da Copa de 66.
A idéia é simples. Para ajudar a assinalar impedimentos, os 22 jogadores dentro de campo terão pequenos processadores instalados em suas caneleiras. Assim, toda vez que um jogador ficar à frente da linha dos marcadores o sistema envia sinais para o relógio de pulso do juiz. Ao mesmo tempo, o sistema envia também um sinal para o placar eletrônico do estádio. Ela dirá qual a infração assinalada (no caso, impedimento) e o nome do jogador pego de toalha e sabão na banheira do time adversário.
"Antes mesmo de o juiz pensar em apitar o gol, o sistema o fará", disse Reinert. Para assinalar o gol numa jogada polêmica, quando a bola mal ultrapassa a linha do gol, o sistema contará com um pequeno processador instalado dentro da bola. Assim como no impedimento, ele também envia sinais para o relógio do juiz e para o placar eletrônico. Uma rede de receptores e um computador instalado fora do gramado são responsáveis por analisar todos os dados enviados pelos 23 processadores em campo. "Para uma partida profissional, seis receptores devem ser suficientes", acredita o presidente da Cairos.
O Smartball é capaz também de enviar informações sobre o estado físico de cada um dos atletas em campo para o departamento médico do time. Pode ainda determinar a velocidade, distância e força dos chutes. O sistema está sendo testado em um estádio alemão. Em 2003, pesquisadores da Universidade de Munique vão testar a confiabilidade e a precisão do sistema. Se der certo, ele será testado em campo em 2004.


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